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Explosão afeta programas científicos brasileiros

O congelamento do programa de missões dos ônibus espaciais americanos vai prejudicar pelo menos dez programas científicos do Brasil nas áreas de estudo de fármacos, bioquímica, biologia, materiais compostos e de fenômenos térmicos. A maior parte dessas pesquisas está diretamente vinculada a universidades e centros de pesquisa acadêmica.

Por Agencia Estado
Atualização:

O congelamento do programa de missões dos ônibus espaciais americanos vai prejudicar pelo menos dez programas científicos do Brasil nas áreas de estudo de fármacos, bioquímica, biologia, materiais compostos e de fenômenos térmicos. A maior parte dessas pesquisas está diretamente vinculada a universidades e centros de pesquisa acadêmica. A divisão de venda de serviços da Nasa reconhece também a existência de contratos comerciais protegidos por cláusula de segredo industrial, firmados com laboratórios farmacêuticos brasileiros (ou por meio das filiais locais de grupos multinacionais do setor), fabricantes de componentes eletrônicos e com corporações privadas do setor aeronáutico. De acordo com o engenheiro Odail Chiaretti, ligado à Universidade CalTech e consultor da agência Space Service, os experimentos comerciais são simples e não exigem manipulação pelos tripulantes das naves, limitando-se apenas ao transporte até o espaço e à exposição ao ambiente de gravidade zero. As leituras dos dados coletados e a análise dos resultados obtidos são feitas em terra. Grandes projetos internacionais serão duramente atingidos pelos efeitos da perda do Columbia. O desenvolvimento da nova geração de ônibus espaciais, a rigor um aperfeiçoamento dos modelos atualmente em uso pela Nasa, vai sofrer uma revisão completa das especificações passando a contemplar três sistemas de segurança independentes nas áreas mais vulneráveis: o revestimento de 24 mil blocos cerâmicos térmicos, a rede de 1,6 mil válvulas hidráulicas, os 30 mil metros de cabos condutores e fibras óticas que correm ao longo da fuselagem e o isolamento da cabine da tripulação. Eventualmente pode vir a ser considerada a proposta de adoção de um pequeno propulsor de emergência que permita ao piloto assumir o controle manual em caso de emergência extrema. No retorno à Terra, o ônibus limita-se a cumprir um vôo planado durante o qual deve reduzir sua velocidade de 18 mil kmhora para cerca de 300 kmhora no momento do pouso. A construção dos aviões HSST (Transportador Espacial de Alta Velocidade) e de seu irmão menor, o HSOA (Aeronave sub-orbital de Alta Velocidade) em discussão por um consórcio euro-americano será com certeza adiada. Graças a um acordo de cooperação, a experiência e o conhecimento acumulado pelos veículos orbitais da Nasa têm servido de referência permanente para o consórcio com sede na Bélgica. O HSST estava inicialmente considerado para a segunda metade do século 21. Deveria decolar como um jato comum de grande porte, atingir uma órbita baixa e deslocar-se à velocidade de 17 mil kmhora levando talvez 250 passageiros. O HSOA, tecnologicamente menos ambicioso, poderia voar comercialmente até 2015. O conceito é o de um jato de 300 lugares capaz de atingir os níveis mais altos da atmosfera. Uma viagem do Brasil à Europa seria feita em apenas 90 minutos. A indústria farmacêutica também sofrerá efeitos negativos. Organizações de todo o mundo têm ensaiado a bordo dos ônibus espaciais o crescimento de cristais de proteínas diversas que crescem mais e com maior pureza no ambiente espacial, livre das micro vibrações sísmicas e da pressão gravitacional. Também a separação integral das substâncias de caráter plasmático é realizada em pequenos laboratórios nas naves. O conhecimento desse mecanismo pode levar a um tratamento efetivo para doenças metabólicas. A terapia do diabetes é a mais provável beneficiada pelo novo conhecimento que permitiria sintetizar insulina de alta pureza. A nave Columbia levava um kit desse experimento.

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