Extinção é um risco real para 12.259 espécies em todo o mundo

IUCN divulga lista vermelha internacional de espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção e considera 762 plantas e animais já extintos.

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Por Agencia Estado
Atualização:

A extinção é uma ameaça para 12.259 espécies de animais e plantas, de todo o planeta, e já se transformou em realidade em 762 casos. Outras 58 espécies de fauna e flora estão no limiar das duas situações, consideradas extintas na natureza e tendo apenas alguns exemplares mantidos em cativeiro ou em cultivos. Os números são da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN), que divulgou, hoje (18/11), a atualização da sua lista vermelha de espécies ameaçadas. Desde a edição da lista do ano passado, mais de 2 mil espécies foram acrescentadas e a situação de 380 espécies ou sub espécies foi revista. Sete mil pesquisadores e conservacionistas colaboram continuamente de inventários e revisões das espécies, para subsidiar a lista, que já é grande demais para ser publicada e encontra-se disponível num banco de dados on line, no endereço www.iucnredlist.org. Uma análise detalhada das localidades onde as espécies mais ameaçadas ocorrem e dos principais fatores que influenciam seu declínio está em curso e deve ser apresentada dentro de um ano, no congresso mundial da IUCN, em Bangcoc. Mas os países onde as maiores perdas vêm ocorrendo já são conhecidos e o Brasil figura em ambos os destaques negativos. Ao lado da Indonésia, Índia, China e Peru, o Brasil apresenta o maior número de aves e mamíferos ameaçados. E junto com o Equador, Malásia, Indonésia e Sri Lanka, está entre os que mais rapidamente perde plantas. A proliferação de espécies invasoras - que infestam sobretudo os ambientes das ilhas, onde o equilíbrio é mais frágil - é um dos fatores que mais preocupa a Comissão de Sobrevivência das Espécies (SSC), responsável pela edição da lista. No Havaí, por exemplo, a extinção de polinizadores nativos já impede a renovação natural da vegetação. A perda de hábitats devido à expansão de atividades humanas e a pressão direta sobre algumas espécies ? por caça, coleta ou envenenamento por pesticidas e/ou poluentes ? também contribuem para a situação crítica em que se encontram os animais e plantas silvestres. ?Embora estejamos apenas arranhando a superfície do conhecimento sobre todas as espécies conhecidas, confiamos que a lista é um indicador do que está acontecendo com a diversidade biológica global?, disse, em nota à imprensa, Achim Steiner, diretor geral da IUCN. Novas avaliações Em 2003, os especialistas avaliaram o estado de todas as espécies de cicadáceas e coníferas, no caso destas, incluindo a nova espécie - Xanthocyparis vietnamensis - descoberta no Vietnã, em 2001, e uma outra Thuja sutchuenensis, redescoberta na China em 1999, cem anos depois do último registro. O estado das cicadáceas é considerado o mais frágil de todos os grupos de plantas. Embora algumas espécies - as cicas usadas como ornamentais - sejam amplamente cultivadas em jardins, 155 das 303 espécies avaliadas, estão em situação crítica e pelo menos duas já foram extintas. As algas marinhas e líquens foram inventariadas pela primeira vez e uma espécie entrou direto para a lista de extintas: a alga de Benett (Vanvoorstia bennettiana), de New South Wales, na Austrália, cientificamente registrada pela última vez há 100 anos atrás. Também em 100 anos, o líquen de feltro boreal (Erioderma pedicellatum) declinou a ponto de ser considerado extinto na Noruega e Suécia, sobrevivendo apenas no Canadá. E o líquen de rena perfurado (Cladonia perforata) da Flórida, EUA, está em situação crítica por ocorrer numa área restrita, ameaçada pela ocupação humana, furacões e incêndios. Primatas e peixes em risco Entre os animais, a extinção está mais próxima de pelo menos três espécies de primatas, cujo status piorou no último ano. O pequeno sagüi bicolor (Saguinus bicolor), nativo da região de Manaus, no estado do Amazonas, encontra-se ameaçado pela perda de hábitat para a cidade e expansão da zona rural. O guariba negro do México (Alouatta pigra), já perdeu 56% de sua área original de distribuição e deve enfrentar um declínio de 70% em sua população, nos próximos 30 anos. E o macaco aranha da Venezuela e Colômbia (Ateles hybridus), está em risco extremo de extinção. A única boa notícia do reino dos primatas é a recuperação do mico leão dourado, graças a 30 anos de esforços conservacionistas: a espécie (Leontopithecus rosalia) mudou da categoria ?criticamente ameaçado? para ?ameaçado?. Outro destaque da lista de 2003 é a avaliação de diversas espécies marinhas, incluindo 175 tubarões e raias, dos quais 57 espécies e 19 estoques são considerados ameaçados. Para os peixes, existe também esta classificação de estoques, relacionada à disponibilidade para a pesca comercial. Os avanços tecnológicos da pesca em águas profundas é apontado, no relatório da IUCN, como um dos fatores de pressão sobre as espécies marinhas. Não só para as espécies visadas pelos pesqueiros, como devido à captura acidental, principal ameaça, por exemplo, às 6 espécies de albatroz cuja posição na lista foi revista, para pior. O albatroz de sobrancelha negra (Thalassarche melanophrys), que está entre os mais afetados pela captura acidental em longas linhas de pesca de espera (espinhel), freqüenta as águas brasileiras, na região sul. Na mesma região, mas em águas doces, vive a espécie de boto conhecida como franciscana (Pontoporia blainvillei), que acaba de entrar na lista como vulnerável. A população do Rio Grande do Sul e Uruguai declinou mais de 30% desde os anos 60, também devido à captura acidental ? sobretudo em redes de pesca ?, além de sofrer com a poluição química e perda de presas (peixes dos quais se alimenta).

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