Fenômeno emite luz na noite marciana

Fenômeno é semelhante ao ocorrido há 26 anos em outro planeta vizinho da Terra, Vênus

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Por Agencia Estado
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Um instrumento da sonda européia Mars-Express, que orbita o planeta vermelho há cerca de um ano, detectou luz na noite marciana. O fenômeno é explicado devido a presença de óxido nítrico na atmosfera local. A constatação, feita por um grupo internacional de pesquisadores, foi publicada na revista especializada Nature, nesta quinta-feira. A descoberta dessa emissão luminosa tem importância para as futuras missões à Marte, explicou o responsável pela equipe, Jean Loup Bertaux, do Centro Nacional de Investigação Científica, na França. Vai ajudar a compreender melhor, entre outras coisas, a circulação atmosférica e o clima de Marte, além do barateamento no processo de aproximação de futuras naves à atmosfera do planeta vizinho. Já há algum tempo se sabe que a atmosfera terrestre emite espontaneamente luz nos céus noturnos, mas até agora não se havia detectado nenhum tipo de luz no céu de Marte, com exceção dos fracos luares de Fobos (uma das luas do planeta). O fenômeno, detectado por espectrômetros ultravioleta e infravermelho, é semelhante ao ocorrido há 26 anos em outro planeta vizinho da Terra, Vênus: no lado diurno do planeta, os raios solares ultravioleta dissociam as moléculas de dióxido de carbono (CO2), principal constituinte da atmosfera de Marte, assim como as moléculas de nitrogênio (N2). Cada átomo de nitrogênio se combina com um átomo de oxigênio para forma a molécula de ácido nítrico (NO). A mais de 120 quilômetros de altura na atmosfera de Marte, esta produção é contínua, ainda que em pequena quantidade. Durante a lenta queda dessa composição em direção ao solo do planeta, esses átomos se recombinam e produzem, a cerca de 70 quilômetros do solo, a luz observada. O pólo sul de Marte é o ponto de maior ocorrência do fenômeno, onde neste momento o inverno intenso condensa 30% da atmosfera junto ao solo, formando uma camada de neve carbônica de aproximadamente um metro de espessura. A região funciona como um aspirador do ar congelado, recortado por ventos horizontais, embora em queda vertical. É desta combinação de fatores que provém a luz noturna de Marte.

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