FHC diz que não há muito a mudar na área climática

Durante reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, nesta quinta-feira, o presidente lembrou dos avanços conquistados pelo País no cenário internacional

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Por Agencia Estado
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O presidente Fernando Henrique Cardoso não acredita em "mudanças fundamentais" na área de meio ambiente durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, até porque "o tema está em grande medida nas mãos da sociedade civil". Durante reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, nesta quinta-feira, o presidente lembrou dos avanços conquistados pelo País no cenário internacional. "Nós éramos a gata borralheira na questão do meio ambiente e agora temos uma posição de vanguarda", disse. Sem mencionar diretamente o presidente eleito, Fernando Henrique deixou para o futuro governo o recado de que o Brasil precisa continuar assumindo a liderança regional na área ambiental. "E liderança moderna não proclama que é líder, faz na prática buscando cooperação." Em ritmo de despedida, Fernando Henrique anunciou que "ninguém faz nada na vida sem crença e alegria" e revelou também que vai trabalhar em organização não-governamental. As declarações do presidente serviram para amenizar o mal-estar provocado no fórum, integrado por inúmeros petistas, pela disposição do ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, de assinar uma portaria definindo os critérios para as empresas estrangeiras apresentarem ao governo projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL). Sardenberg afirmou que a portaria é essencial para a conclusão do acordo com a Alemanha para financiar a produção no Brasil de 100 mil carros a álcool, assim como para a votação no Congresso de projeto de lei prevendo subsídios para a fabricação desses veículos. As empresas alemãs poderão comprar certificados de MDL para abater da cota imposta a elas de redução da emissão de gases do efeito estufa. O carro a álcool é menos poluente e, além do mais, a plantação de cana ajuda a absorver os gases lançados no ar. O diretor do Centro de Tecnologia da UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, insistiu em que seria necessário mais tempo para discutir a proposta. "Vamos fazer a regulamentação sem açodamento", apelou. O secretário-executivo do fórum, Fabio Feldmann, disse que as ONGs não queriam chancelar um texto desconhecido. Sardenberg defendeu-se, dizendo que já vem desde agosto debatendo eletronicamente o texto. "Queremos ser ouvidos antes da expedição da portaria", devolveu Pinguelli, que pretende pedir a Lula para manter a mesma composição do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, que hoje é comandado pelo presidente da República. O fórum, em parceria com a embaixada britânica, produziu um software a ser distribuído para 3 mil escolas, que permite ao interessado calcular as emissões de carbono e metano que ele mesmo produz com a execução de tarefas do cotidiano. O teste com perguntas sobre o consumo de energia, transporte e produção de lixo, permite descobrir a quantia de gases do efeito estufa emitida durante um ano.

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