FHC exige dos ricos ajuda na preservação

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitará seu discurso de hoje na Rio +10, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburg, na África do Sul, para pregar mais uma vez a necessidade de ajuda maior dos ricos aos países em desenvolvimento que protegem o meio ambiente. Nesta que será uma de suas últimas viagens internacionais como chefe de Estado, o presidente vai lamentar especialmente a ausência, no encontro, do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Para Fernando Henrique, a ajuda econômica dos países ricos é fundamental para nações como o Brasil, que pagam um preço muito alto para garantir a preservação de suas matas. Fernando Henrique tem ressaltado que o Brasil vem cumprindo os compromissos da Rio-92 e que o País está, efetivamente, avançando em matéria ambiental. O presidente vai pregar, também, que se consiga manter vivo o chamado "Espírito do Rio" - uma preocupação contínua com os instrumentos que permitam a preservação da biodiversidade e a manutenção das condições de vida no planeta, com desenvolvimento sustentável. De acordo com Fernando Henrique, é preciso que se construa uma parceria global que possa materializar esse conceito de desenvolvimento sustentável. Outro tema que o presidente deverá abordar é a liberalização do comércio. Ele defenderá que ela seja efetiva por parte de todos os países. Porta-voz Durante a viagem à África do Sul, mais uma vez, Fernando Henrique tentará fazer o papel de porta-voz dos países em desenvolvimento. Ele vai lembrar que, em matéria de preservação da natureza, há responsabilidades comuns de toda a Humanidade. Mas, ressalva, os países que são os principais responsáveis pela agressão ao meio ambiente precisam assumir um ônus maior que os demais. Na opinião do presidente, os custos devem ser repartidos, sendo que os países que causaram maiores danos à natureza têm de arcar com a maior parte dos gastos para preservação do meio ambiente. O presidente vai ressaltar ainda que não é possível pensar em desenvolvimento sustentável sem que isto esteja associado à questão da pobreza e da sustentabilidade social. Segundo ele, os padrões de consumo e de produção que são adotados até hoje, terão de ser mudados, principalmente porque eles constituem um instrumento de reprodução da pobreza. Durante a viagem, que irá durar três dias, Fernando Henrique pretende acertar com o primeiro-ministro alemão, Gerhard Schroeder, uma forma de colocar em prática o funcionamento do MDL - mecanismo de desenvolvimento limpo. Os dois países querem dar um exemplo de como esse é um instrumento efetivo para diminuir a emissão de CO2. Fernando Henrique leva ainda na bagagem a informação de que o Brasil trabalha para transformar 10% do território da Amazônia em unidades de conservação, embora reconheça que, para se chegar a este índice, será necessário trabalhar muito. Safári Um lapso de sete horas e meia na agenda do presidente alimenta especulações sobre o que ele faria entre sua chegada a Johannesburg, programada para as 10h30 de hoje (5h30 em Brasília), e uma reunião com presidentes sul-americanos, às 18 horas. A versão mais extravagante é a de que ele pretenderia ir a um safári fotográfico no Kruger Park, no norte da África do Sul. O passeio não consta do programa oficial mas, segundo informações, o presidente deve voar diretamente do aeroporto de Johannesburg, de helicóptero, para o parque. Outra informação não oficial é a de que o acompanharão o secretário-geral da ONU, Kofi Anann, e o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki. Em seguida à reunião para coordenar as posições com os outros países sul-americanos, Fernando Henrique segue para uma mesa-redonda sobre a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (Nepad), na qual ele falará na qualidade de presidente de turno do Mercosul. Além do encontro com o chanceler alemão, amanhã, o presidente se reúne também com o presidente da Ucrânia, Leonid Kuchma, e com o presidente da Comissão Européia, o italiano Romano Prodi. Fernando Henrique volta para o Brasil na terça-feira, um dia antes do encerramento oficial da cúpula. Veja o Especial Rio+10

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