FHC faz apelo pela paz e pelo meio ambiente

O presidente reiterou que os países desenvolvidos que mais destruíram o meio ambiente têm mais responsabilidade no esforço de preservar a natureza e deveriam contribuir com uma parcela maior no financiamento

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou nesta quinta-feira a cerimônia de comemoração da Semana da Árvore para fazer um apelo aos líderes mundiais pela paz, no momento em que o governo dos Estados Unidos envia ao Congresso um pedido de autorização para uso de força militar contra o Iraque. Fernando Henrique lembrou a iniciativa do ex-presidente da ex-União Soviética, Mikhail Gorbachev, que reconheceu que, se a guerra atômica fosse deflagrada, o mundo desaparecia, e em decorrência dessa preocupação, passou a se concentrar em uma luta pelo meio ambiente. Fernando Henrique reiterou que os países desenvolvidos que mais destruíram o meio ambiente têm mais responsabilidade no esforço de preservar a natureza e deveriam contribuir com uma parcela maior no financiamento. ?Ainda que o Brasil pudesse inteiramente assumir esse encargo e essa responsabilidade, seria uma prova de demonstração de solidariedade universal que os mais ricos também ajudem àqueles que mais necessitam nos financiamentos desses mecanismos de preservação do meio ambiente?, disse. Segundo o presidente, o Brasil chegou à África do Sul em situação muito diferente de dez anos atrás, na Rio 92. Naquela época, disse, o Brasil estava ?tímido e envergonhado? porque era acusado de ser ?desmatador e incendário de floresta?. Neste encontro, segundo ele, os esforços brasileiros foram reconhecidos e vários países pediram apoio brasileiro em vários setores, em reconhecimento à luta do Brasil pela preservação do meio ambiente e pelo desenvolvimento sustentável. Ao falar sobre os decretos que foram assinados, ampliando a área de preservação ambiental do País, o presidente ressaltou que o conceito de desenvolvimento já está entranhado com a idéia de preservação e de sustentabilidade . ?Estamos assinando aqui atos que levam a que se preserve a natureza e que se dê condições de vida àqueles que dependem mais diretamente da natureza. Isso não significa que o País não tenha preocupação com o desenvolvimento. Ao contrário, mas com uma forma de desenvolvimento que não seja predatória, que não seja nociva a natureza.? Na cerimônia, o presidente assinou decretos criando a Floresta Nacional de Jatuarana (AM) e a reserva extrativista do Cazumbá-Iracema (AC) e um decreto ampliando a reserva biológica de Uatumã (AM). No discurso, o presidente destacou que as reservas brasileiras estão sendo ampliadas para atender a um compromisso anunciado há alguns anos, de que o Brasil chegaria a ter 10% do território englobado nos conceitos de proteção ambiental. ?Temos já 6%. São 52 milhões de hectares de terra. É muita terra. Faltam 4%. Mas poucos países têm 52 milhões de hectares de terra preservado. Como o País aqui é imenso, 10% corresponde a uma esforço enorme?, discursou, acrescentando que este esforço tem de ser financiado, de forma compartilhada, com os países mais desenvolvidos. Em seu discurso, o ministro do Meio Ambiente José Carlos de Carvalho, considerou ?uma ilusão imaginar que os investimentos públicos sejam suficientes para construir o caminho da sustentabilidade?. Para ele, esse objetivo só será alcançado com uma mudança de comportamento da sociedade e dos cidadãos, em particular.

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