Fiocruz inaugura centro de reprodução de camundongos

No Exterior, exemplar geneticamente modificado do roedor pode valer até US$ 1,5 mil

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Por Agencia Estado
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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) inaugurou, nesta segunda-feira, em Salvador, o Banco de Embriões de Camundongos e a Unidade de Transgênese do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz. A possibilidade de gerar animais de laboratório e de desenvolver linhagens de camundongos geneticamente modificados, usados no teste de novas técnicas e medicamentos, eleva o Brasil à condição de ter infra-estrutura semelhante à dos mais avançados centros de pesquisa do mundo. Para se ter uma idéia de como um laboratório desses é importante, é só conferir a cotação no Exterior de um camundongo geneticamente modificado: entre US$ 1 mil a US$ 1,5 mil. "Nós temos no Brasil uma cepa muito grande desses animais transgênicos, o que nos permite estudos experimentais de todas as doenças. Se não for mantida uma estrutura para termos disponíveis num banco de embriões essas linhagens geneticamente definidas, fica impossível ter um controle de material de qualidade para as pesquisas", explicou o professor Ricardo Ribeiro dos Santos, chefe do Laboratório de Engenharia Tecidual e de Imunofarmacologia da Fiocruz, que é um dos coordenadores do Banco de Embriões. Segundo Santos, o trabalho com as chamadas células-tronco, tratamento revolucionário que vem sendo testado para cura de várias doenças, é "baseado na experimentação animal". Ele citou o tratamento contra o Mal de Chagas que vem sendo realizado na Bahia com células-tronco, que não poderia ser feito sem o teste nos camundongos. Nesse caso específico os pesquisadores testaram a técnica durante dois anos e meio nos animais antes de aplicá-la no homem. Além do Mal de Chagas, o centro de pesquisa tem como prioridades desenvolver novos tratamentos contra a malária e doenças infecciosas provocadas pela baixa qualidade sanitária do País, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Os novos empreendimentos foram implantados graças à colaboração dos pesquisadores franceses Jean-Louis Guénet e Charles Babinet, do Instituto Pasteur, de Paris. A parceria com a Fiocruz integra programa de cooperação tecnológica entre o instituto e os países do Mercosul que teve início em 2001. O programa é voltado para o desenvolvimento de pólos tecnológicos regionais em saúde pública e para a formação de recursos humanos de alto nível técnico-científico.

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