Um fóssil muito bem conservado do peixe tetrápodo (com quatro patas) Ventastega curonica, que viveu há mais de 300 milhões de anos, fornece novas pistas para compreender como foi a transição dos animais aquáticos para os terrestres, diz um estudo publicado nesta quarta-feira, 25, pela revista científica britânica Nature. Uma equipe da Universidade de Uppsala (Suécia) descreveu o crânio, os ossos do ombro e uma parte da pélvis do Ventastega fossilizado, descoberto na Letônia. Esta espécie tem o crânio como o de um tetrápodo primitivo, mas suas proporções são mais parecidas com as de um peixe e sua mandíbula está a meio caminho entre ambos. O Ventastega já passou por mudanças no formato da cabeça em relação a seus antepassados, com os olhos e lábios maiores e um crânio que começa a encolher. Os cientistas afirmam que esta espécie preenche a lacuna morfológica evolutiva entre o peixe de nadadeiras lobadas (arredondadas) Tiktaalik e os tetrápodos primitivos, como o Acanthostega e o Ichtyostega. Segundo a equipe de pesquisa, este estudo constata que estes animais se diversificaram muito antes do imaginado e ajuda a reconstruir a seqüência de eventos que possibilitou esta evolução animal. A transição de animais vertebrados da água para a terra ocorreu durante o último período Devoniano - há entre 380 e 360 milhões de anos - e exigiu muitas mudanças fisiológicas e morfológicas. Nos últimos 20 anos, os cientistas começaram a unir peças para saber como ocorreu esta transição, apesar de os avanços serem lentos por causa do estado precário no qual foram encontrados os fósseis, freqüentemente despedaçados.