Fóssil de maxilar é o resto mais antigo de hominídeo europeu

A mandíbula tem 1,3 milhões de anos, ou seja, 500 mil anos mais velho que o antigo fóssil, dizem pesquisadores

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Por Associated Press e Efe
Atualização:

Um pequeno pedaço de maxilar encontrado em uma caverna na espanhola é o mais antigo fóssil conhecido de um ancestral humano na Europa e sugere que humanos viviam no contintente muito antes do que se pensava anteriormente, dizem cientistas. Veja também: Brasileiros descobrem fóssil de crocodilo de 62 milhões de anos Os pesquisadores informaram que o fóssil encontrado em junho de 2007 em Atapuerca, no norte da Espanha, junto com ferramentas de pedras e ossos de animais, tem 1,3 milhões de anos. Isto é, 500 mil anos mais velho do que os restos encontrados em 1997, da nova espécie Homo antecessor, possivelmente um ancestral comum de Neanderthals e do homem moderno. O novo achado parece ser dessa mesma espécie, segundo os cientistas. Um equipe co-liderada por Eduald Carbonell, diretor do Instituto Catalão de Paleoecologia e Evolução Social, relatou as descobertas na edição de quinta-feira da revista científica Nature. Os cientistas acreditam que a primeira população européia venha da região próxima do Oriente, verdadeira cruzamento dos caminhos entre África e Euroasia, e que estaria relacionada com a primeira expansão demográfica fora do continente africano que, atualmente, é representada pelos hominídeos da Dmanisi, na antiga republica soviética da Geórgia. Estes fósseis estão datados como tendo 1,8 milhões de anos. "Isto nos leva a um aspecto muito importante, uma conclusão muito interessante", disse Carbonell. A conclusão é que os hominídeos que surgiram na África e morreram na Geógia, eventualmente, evoluiu do Homo antecessor, e que esta última não povoou a Europa há 800 mil anos, mas, pelo menos, 1,3 milhões de anos atrás. "Esta descoberta de um 1,3 milhões de anos de idade fóssil mostra o processo foi acelerado e contínuo; que a ocupação da Europa aconteceu muito cedo e muito mais rapidamente do que tínhamos pensado", afirmou Carbonell. O local da descoberta está situado a cerca de 200 metros do sítio arqueológico de Gran Dolina, onde em 1994 foram encontrados os primeiros restos do Homo antecessor, e a cerca de mil metros de Sima dos Huesos, onde foram localizados mais de 6 mil fósseis da espécie Homo heidelbergensis. As escavações em Atapuerca, declarada Patrimônio da Humanidade, oferecem há trinta anos continuas revelações sobre o modo de vida dor primeiros humanos que habitaram o continente europeu. Conclusões provisórias Chris Stringer, um dos principais pesquisadores de origens humanas no Museu de História Natural em Londres e que não estáenvolvido no projeto, disse que a equipe de Carbonell fez um sólido trabalho para estimar a idade do novo fóssil da Atapuerca utilizando três técnicas - alguns investigadores só usa uma ou duas - incluindo um relativamente novo, relacionada às medidas decaimento radioativo de sedimentos. Mas ele também manifestou uma certa prudência quanto as conclusões de Carbonell. Em primeiro lugar, o recém-encontrado fragmento de maxilar, que mede cerca de dois centímetros e tem dentes, preserva uma seção não vista em peças equivalentes encontradas em Atapuerca, em 1997. Portanto, a atribuição à mesma espécie devem ser provisória, disse Stringer. E no assunto mais amplo de traçar a origem dos novos fósseis às espécies descobertas em Dmanisi - o grande salto de Carbonell argumenta continuidade - Stringer disse que também deve ser cautelosa, pois ela é baseada em apenas um pedaço da frente de um maxilar e o lapso é de meio milhão de anos. "Esse é um longo período de tempo para falar de continuidade", afirmou. Ainda assim, há semelhanças entre os dois e isso, juntamente com outras evidências arqueológicas, sugere que o sul da Europa começou, de fato, a ser colonizada pelo oeste da Ásia não muito tempo depois que o homem saiu da África - "algo que muitos de nós teríamos duvidado há cinco anos", disse Stringer. Carbonell afirma que, com a descoberta de fósseis humanos de 1,3 milhões de anos, na Europa, os pesquisadores podem agora esperar encontrar ancestrais em outras partes do continente com até, no máximo, 1,8 milhões de anos. "Esse tem de ser a próxima descoberta", disse ele. "Essa é a hipótese científica". Texto ampliado às 16h30

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