Funasa e MPF autorizam cirurgia de bebê suruahá

Bebê foi levado a São Paulo sem autorização da Funai por missionários evangélicos e precisa ser submetido a uma cirurgia

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público Federal e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) autorizaram hoje a cirurgia no Hospital das Clínicas de São Paulo do bebê de cerca de sete meses da etnia suruahá (pronuncia-se suruarrá) que foi levado a São Paulo sem autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai), em maio. O bebê tem hiperplasia drenal congênita, ou genitália ambígua e aguarda ter sua cirurgia agendada no hospital. Oito indígenas - o bebê, seus pais e outra criança de 1 ano e 5 meses que sofre de paralisia cerebral e quatro familiares - foram levados da tribo onde moram, em Lábrea, a 703 quilômetros de Manaus, em maio, pela entidade evangélica Jovens com uma Missão (Jocum). Por conta da viagem, a entidade católica Conselho Indigenista Missionário (Cimi) pediu a intervenção do Ministério Público Federal no dia 15 de agosto, solicitando ajuda federal para trazer de volta os oito suruahás que haviam sido levados para São Paulo. Antropólogos do Cimi entendiam que o contato dos indígenas com São Paulo poderia trazer grave impacto em sua cultura por conta do alto número de suicídios já registrado na tribo. O antropólogo Gunter Kromer, em entrevista ao Estado no dia 28 de agosto, afirmou suspeitar que o aumento no número de suicídios dos suruahás, 23 entre 2003 e julho deste ano, possa estar relacionado à proximidade da base da Jocum à aldeia, além das idas freqüentes dos membros da Jocum a Porto Velho (RO) com os indígenas. Kromer foi um dos três antropólogos que tiveram o primeiro contato com a etnia, no início da década de 1980. "Entendemos que a cirurgia do bebê de sete meses, como só pode ser feita em São Paulo, deve ser feita o mais rápido possível para que logo ele e a família voltem a sua aldeia", afirmou o procurador da República responsável pelo caso, André Lopes Lasmar. Segundo o procurador, depois da cirurgia, o bebê deverá ficar sob a responsabilidade da Funasa em São Paulo até estar apto a voltar para a tribo. Quanto à outra criança, de acordo com o procurador, outras reuniões entre Funasa, Ministério Público, Fundação Nacional do Índio (Funai), Cimi e Jocum devem decidir seu futuro. "Como há a possibilidade de a fisioterapia e acompanhamento psicológico da criança serem feitos em Porto Velho, que é o local mais próximo da aldeia, a tendência é que esta criança e sua família devam voltar logo para casa".

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