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Fundos setoriais devem ir para empresas

Entidades defendem que recursos dos fundos sejam direcionados ao financiamento de pesquisa e inovação das empresas

Por Agencia Estado
Atualização:

Os recursos dos fundos setoriais, que vêm do pagamento de royalties e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), ou parte deles deveriam ser direcionados diretamente para as empresas financiarem seus projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, defendem algumas entidades relacionadas à prática de ciência e tecnologia no setor privado. ?Tem de inverter o processo para dar certo. Isso servirá, inclusive, para absorver o volume de doutores que as universidades brasileiras formam por ano, porque você não tem como colocar os 6 mil doutores que formamos anualmente nas universidades?, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Carlos Delben Leite, ao comentar sobre o que poderia ser incluído na proposta do PT para ciência e tecnologia. Segundo Leite, 85% dos doutores trabalham em universidades e centros de pesquisa e apenas 15% deles estão empregados no setor privado no Brasil. ?Notei uma preocupação no programa do PT com a geração de empregos (para os doutores), mas ele não deixa claro como isso poderá acontecer?, aponta. ?É preciso também ver qual a capacidade das universidades de gerarem propostas consistentes para usar esse dinheiro dos fundos?, ressalta Américo Craveiro, presidente da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei). Ele defende que uma parte dos recursos dos fundos possa ficar disponível para as empresas. Craveiro acredita que seria interessante haver uma flexibilização de apenas parte dos recursos, nos setores em que as universidades não têm capacidade para elaborar boas propostas. ?Acho que se todo o dinheiro dos fundos for para a empresa, não vai haver uma contrapartida adequada da parte delas?, diz ele, que defende que a empresa coloque recursos próprios também, como ocorre nos projetos financiados pelos fundos setoriais. Roberto Nicolsky, diretor geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação (Protec), lembra que atualmente a empresa arruma uma universidade, o pesquisador recebe o dinheiro, faz-se a pesquisa, mas o processo pára aí. Segundo ele, a empresa precisa fazer testes, prototipagem, investir em máquinas, processo de produção, etc, para produzir o que foi feito na pesquisa, o que não é tarefa da universidade. ?Só que a empresa não tem dinheiro porque tiraram o dinheiro dela para direcioná-lo para os fundos?, completa. ?A empresa precisa de verba que cubra todo o desenvolvimento, pois a pesquisa é apenas o pontapé inicial?, comenta. Poder de compra do Estado O presidente da Abimaq, Delben Leite, destaca também o uso do poder de compra do Estado, uma iniciativa que Lula já mostrou ao defender a fabricação das plataformas da Petrobras e dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) no Brasil, e que consta no seu programa para ciência e tecnologia. ?O poder de compra do Estado é fundamental para o País. Os Estados Unidos são um modelo nisso?, defende. Ele destaca que o governo deve fazer um levantamento internacional de preços antes, para evitar abusos. As compras estatais movem a economia porque geram a necessidade de fornecedores para a empresa escolhida para atender ao projeto do governo. ?Se o Brasil pode dispor de US$ 700 milhões para comprar avião lá fora, pode investir aqui?, diz. Além de criar empregos, também promove o recolhimento de mais impostos, gerando divisas.

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