Genoma de peixe revela existência de mais mil genes humanos

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Por Agencia Estado
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Fugu, em japonês, significa inflar ou boa sorte. Com razão. Esse peixe contém uma toxina que pode matar quem o consome, se não for adequadamente preparado. É uma iguaria no Japão e um prato cheio para os cientistas, porque tem o menor genoma entre os vertebrados - 365 milhões de pares de bases, enquanto nós temos 3,2 bilhões. Um consórcio internacional de pesquisadores concluiu o seqüenciamento do genoma do fugu, que tem 31 mil genes - mais ou menos o número de genes inicialmente previstos no genoma humano e que agora anda pela casa dos 50 mil. Mais: 75% desses genes são encontrados no homem. Essas semelhanças se mantêm a despeito dos 400 milhões de anos decorridos desde que as duas espécies divergiram de um ancestral comum. A natureza tende a conservar as soluções que funcionam, daí o que os cientistas chamam seqüências de DNA preservadas, que aparecem em várias espécies. Proteínas e genes que existem no fugu e não em seres humanos e vice-versa ajudam a identificar os genes responsáveis pelas diferenças entre as espécies. "Quando comparamos as proteínas do fugu com as humanas, encontramos 961 que não estavam previstas e que devem estar lá. Como proteínas são codificadas pelos genes, há cerca de mil genes humanos que ainda não foram identificados", explicou o cientista português Samuel Aparício, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. "O genoma do fugu funciona como a pedra de Rosetta para decifrar os hieróglifos: um texto ajuda a traduzir e entender o outro", disse. Segundo ele, a pesquisa busca agora as seqüências reguladoras, isto é, os trechos de DNA que controlam o funcionamento dos genes. "Temos as letras químicas do nosso genoma, mas falta entender a gramática, as regras de como os genes funcionam", diz.

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