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Governo diz que não há gripe aviária em São Paulo

Por Agencia Estado
Atualização:

O superintendente do Ministério da Agricultura em São Paulo, Francisco Sergio Ferreira Jardim, descartou totalmente a possibilidade de um surto de gripe aviária no interior do Estado. As suspeitas surgiram da morte de um galo por complicações respiratórias em uma chácara de Marília, na terça-feira. Restos do animal morto e amostras de sangue de outras aves da propriedade foram enviadas para análise no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), em Campinas. "Não temos o vírus da gripe no Brasil. E análises clínicas mostraram que a ave não morreu de gripe aviária", disse Jardim, em entrevista coletiva. "Inúmeras doenças comuns em criações caseiras têm sintomas parecidos com os da gripe aviária, como doença crônica respiratória, cólera aviária e até botulismo." Ainda não há nenhum resultado laboratorial identificando a causa da morte - a negação da gripe aviária é baseada na observação de outros animais e nas rotas migratórias de aves de outros países. O laudo completo do Lanagro deve sair em 20 dias. Ainda assim, técnicos da Defesa Agropecuária interditaram a Chácara Santa Carolina, onde o caseiro relatou a morte do galo. Foram colhidas amostras de sangue de 30 aves - galinhas, patos, peru, frangos e galos - que conviveram no galinheiro com a ave doente. O caseiro, Paulo Batista Barbosa, disse que ficou com medo quando viu o galo doente na manhã de segunda-feira. "Estava trocando a água do bebedouro do galinheiro quando vi o galo tremendo, com as penas arrepiadas", disse. "Nunca tinha visto nada igual." O galinheiro tem cerca de 400 metros quadrados e fica a 70 metros de um lago que, segundo o caseiro, recebe patos e aves selvagens. "Há andorinhas migratórias do Canadá (onde há foco da doença) que chegaram por aqui", disse. Por isso, para ele, a possibilidade de gripe aviária não é tão absurda. O médico veterinário Danilo João Pozzer, do Escritório de Defesa Agropecuária de Marília, negou que o lago da chácara receba patos de outros países porque a região não está na rota migratória dessas aves e explicou que as andorinhas não são transmissoras da gripe aviária. Pozzer disse que nenhuma ave encontrada na chácara apresentava sintomas da doença. "Se fosse gripe, 70% ou 80% do plantel já teria morrido, porque o período de incubação do vírus é curto. Pelo tempo em que foi relatado, todo o plantel teria sido contaminado." Laboratórios Poucos laboratórios estão preparados para um diagnóstico rápido de gripe aviária caso o País enfrente uma epidemia, de acordo com a pesquisadora Clarice Arns, do Laboratório de Virologia Animal do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ela explica que apenas laboratórios do Ministério da Agricultura estão autorizados a fazer a análise de casos suspeitos da influenza aviária, mas não estão equipados com tecnologia para testes de biologia molecular, mais rápidos. A pesquisadora comentou que os laboratórios devem ser de segurança máxima para lidar com o vírus vivo, por ser muito perigoso, o que restringe as possibilidades. Laboratórios estaduais e do Ministério da Saúde, como o Adolfo Lutz e a Fiocruz, dispõem de tecnologia de análise molecular para casos de influenza humana. No Ministério da Agricultura, apenas os laboratórios de Campinas (SP) e Pedro Leopoldo (MG) estão aptos a fazer os testes de infecção em animais. "Os órgãos oficiais têm de se entender", observou. Um laudo completo de identificação do vírus a partir de culturas in vitro e testes com animais leva 30 dias para ficar pronto. Já a análise molecular, com base no RNA do vírus, leva apenas algumas horas.

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