BRASÍLIA - O governo federal exonerou o pesquisador em Engenharia Aeroespacial e Aeronáutica João Luiz Filgueiras de Azevedo do cargo de presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e nomeou para o lugar dele o agrônomo e também pesquisador Evaldo Ferreira Vilela, conforme portarias publicadas no Diário Oficial da União (DOU).
Azevedo estava à frente do CNPq desde fevereiro do ano passado. O órgão faz parte da estrutura do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), comandado pelo ministro por Marcos Pontes. Procurados pela reportagem, o conselho e o ministério não informaram as razões para a mudança até o momento.
A gestão de Azevedo precisou lidar com enxugamentos orçamentários que ameaçaram bolsas de estudo. Coube ao agora ex-presidente, no ano passado, suspender a concessão de novas bolsas para doutorado, pós-doutorado e professores visitantes. Os recursos para arcar compromissos com cerca de 80 mil bolsistas só foram garantidos no fim do ano.
Mais recentemente, em março, o MCTIC excluiu as ciências humanas da lista de prioridades do CNPq. Recuou parcialmente após pressão de sindicatos e de associações. As ciências humanas englobam, entre outras, economia, educação, direito, sociologia e letras.
Outro embate entre Azevedo e auxiliares de Bolsonaro se deu quando o pesquisador manifestou resistência à proposta de fundir o CNPq com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ideia que tinha a simpatia do ministro da Educação, Abraham Weintraub.
O novo presidente do CNPq é ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa e atual presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Evaldo Vilela.
Na condição de presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Evaldo foi um dos signatários de carta enviada a Jair Bolsonaro em julho do ano passado em defesa dos dados de desmatamento apurados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O governo vivia a crise do crescimento da devastação da Amazônia e a atuação do instituto estava sendo questionada por ministros de Bolsonaro.
"A questão fundamental, portanto, não está na produção de dados confiáveis sobre a geografia do desmatamento, mas sim na necessidade de órgãos do governo de manter um sistema de fiscalização ágil, intenso e contínuo", dizia a carta.