Greenpeace faz propostas para o manejo de mogno

Documento elaborado pela entidade traz sugestões para acabar com a exploração ilegal e predatória da espécie

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Por Agencia Estado
Atualização:

Realizar um inventário dos estoques de mogno remanescentes na Amazônia e a criação de um fundo para o manejo ecologicamente sustentável da espécie estão entre as propostas encaminhadas pelo Greenpeace ao Governo Federal e à indústria madeireira, como sugestões para acabar com a exploração ilegal e predatória da madeira. O documento é resultado do workshop "Mogno Ilegal Nunca Mais", que reuniu, em Belém (PA), pesquisadores brasileiros e estrangeiros, governo, organizações não-governamentais e empresários para discutir a situação da exploração madeireira na Amazônia. Batizado de Carta de Belém, o texto propõe normas específicas para o manejo do mogno e de espécies raras, com especificações para o período de transição e condicionantes para a retomada da exploração, comércio e regularização dos projetos existentes. Como pré-condição, coloca a manutenção da moratória para novos projetos, já que a atual termina em agosto próximo. "Para os especialistas, a transição do modelo atual de manejo, baseado no desrespeito à lei e na exploração predatória, para um sistema regulado pelo Governo, transparente e auto-sustentável vai exigir mudanças de caráter permanente e a cooperação de todos os setores envolvidos", disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, do Greenpeace. O mercado de mogno está paralisado desde outubro do ano passado, quando o Ibama proibiu a exploração, transporte e comércio da espécie, após a constatação de exploração ilegal em terras indígenas e áreas públicas, fraudes e desrespeito à legislação ambiental. Na semana passada, uma nova denúncia do Greenpeace mostrou que o mogno ainda está sendo contrabandeado, como sendo uma outra espécie, de menor valor e não controlada pelo governo. O documento defende ainda o apoio do governo brasileiro à inclusão do mogno no Anexo II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestres (CITES), o que significaria maior rigor no controle da exploração da espécie. A presença do mogno no Anexo II foi formalmente proposta pela Nicarágua na semana passada e será votada na próxima reunião da CITES, em novembro, em Santiago do Chile.

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