Greenpeace mostra como é fácil comprar madeira ilegal

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Por Agencia Estado
Atualização:

Ativistas do Greenpeace entregaram nesta segunda-feira à Polícia Federal em São Paulo uma carga de 29 metros cúbicos de madeira amazônica cortada ilegalmente nos municípios de Cujubim e Machadinho D?Oeste, nordeste de Rondônia. A madeira foi comprada pelo próprio grupo ambientalista, para denunciar esquemas de falsificação de documentos e legalização de madeira colhida de forma criminosa. ?Esta denúncia tem dois objetivos: mostrar como o comércio clandestino de madeira amazônica abastece o mercado interno e contribuir para que o governo federal corrija as falhas do atual sistema de monitoramento e controle da atividade madeireira?, disse Paulo Adário, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, em nota divulgada pela ONG. A carga foi apresentada pelos ambientalistas diante da sede da PF, encerrando uma operação que durou quatro meses. A PF recebeu também as notas fiscais e Autorizações de Transporte de Produto Florestal (ATPFs) usados na legalização da madeira, além de um dossiê com locais, nomes de pessoas e empresas envolvidas na extração e lavagem do produto. O Greenpeace também pediu ao Ministério Público Federal que apure as denúncias e informou oficialmente à Prefeitura de São Paulo, que aderiu ao programa Cidade Amiga da Amazônia em junho de 2005. "A expectativa do Greenpeace é que o governo municipal intensifique ações de fiscalização na cidade a fim de combater o comércio de madeira amazônica de origem ilegal", diz o comunicado. A madeira ilegal entregue à PF foi extraída de áreas que estão sendo desmatadas para servir de pastagens de gado, segundo o Greenpeace. As toras foram cortadas na Serraria Fortaleza, em Cujubim. A nota fiscal e a ATPF são documentos verdadeiros, que permitiram o transporte da carga sem problemas até São Paulo. Elas foram compradas de um atravessador em Ariquemes (RO). "O caminhão carregado de madeira ilegal percorreu mais de 3 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais, atravessou três fronteiras interestaduais e dois postos de fiscalização do Ibama - Trevo de Vilhena, em Rondônia, e Trevo do Lagarto, no Mato Grosso. Ao chegar em São Paulo, a carga foi estocada em um galpão até sua entrega na PF", informa a ONG em seu comunicado. Segundo Paulo Adário, o atual sistema de fiscalização e controle de cargas de madeira, a cargo do Ibama, ?precisa ser radicalmente modificado?. O Greenpeace afirma que já há um novo sistema de controle em estudos, mas que ainda não foi implementado. ?Enquanto espera, o consumidor é obrigado a comprar madeira muitas vezes ilegal, impostos são sonegados, crimes são cometidos, o poder público se desmoraliza e a Floresta Amazônica é destruída?, afirma a nota.      estatísticas sobre florestas

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