Grupo de antiinflamatórios eleva risco de cardiopatias

Levantamento mostra que produtos comuns no mercado fazem os riscos subirem de 20% a 50%

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Por Agencia Estado
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Um levantamento realizado com mais de 9 mil pacientes na Grã-Bretanha mostrou que antiinflamatórios comuns, alguns inclusive comprados sem receita médica, aumentam entre 20% e 50% os riscos do desenvolvimento de doenças cardíacas. O estudo, realizado pela Universidade de Nottingham e publicado no British Medical Journal, avaliou pessoas que ingerem os chamados antiinflamatórios não-esteróides com regularidade, com o objetivo de tratar dores decorrentes da artrite. Essa classe de drogas inclui o ibuprofeno, vendido sem receita médica na Grã-Bretanha e no Brasil, o diclofenac e até o celecoxib - este último chegando há alguns anos ao mercado como parte da última geração de antiinflamatórios justamente por causar menos efeitos colaterais. O estudo também percebeu um aumento no risco de doenças cardíacas entre os usuários do Vioxx (rofecoxib), que foi retirado do mercado no ano passado depois de ser associado a problemas cardíacos. Banco de dados As pesquisadoras Julia Hippisley-Cox e Carol Coupland usaram o banco de dados do serviço público de saúde britânico (pelo qual cada paciente pode se consultar de graça com um clínico geral e tem seu histórico de saúde cadastrado) para identificar pacientes que sofreram o primeiro ataque cardíaco durante um período de quatro anos. Depois, as pesquisadoras avaliaram quais medicamentos esses pacientes estavam ingerindo, prestando uma atenção particular aos usuários de antiinflamatórios não-esteróides. Foram levados em conta na pesquisa outros dados como obesidade, alimentação e fumo, que podem aumentar os riscos de doenças cardíacas. Riscos Comparados aos pacientes que não tiveram ataque do coração, os usuários dos medicamentos avaliados apresentaram índices bem mais altos da doença. "No caso dos usuários de ibuprofeno, os riscos aumentaram cerca de 24%. Para os de diclofenac, 55%. Os usuários de celecoxib apresentaram 21% a mais riscos, e os de rofecoxib, 32%", disse Hippisley-Cox. A médica fez uma recomendação: que médicos não receitem esses remédios a pessoas com propensão a doenças cardíacas. Mas Peter Weissberg, da Fundação Britânica para o Coração, pediu cautela. "É importante levarmos em conta os dados da pesquisa, mas seria errado mudar terapias clínicas por causa desses novos números. Por enquanto, o que sabemos é que esses remédios estão relacionados com uma quantidade muito pequena de doenças cardíacas."

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