PUBLICIDADE

Grupo descobre por que brócolis protege contra câncer

Por Agencia Estado
Atualização:

O consumo de repolho, brócolis e outras verduras da mesma "família" pode reduzir o risco de câncer de pulmão em até 72%, indica um estudo da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), publicado no jornal científico The Lancet. Esta proteção depende, entretanto, da presença ou não de determinados genes nas pessoas. Estes alimentos, incluindo o broto de feijão, são ricos em substâncias químicas chamadas isotiocianatos, tidos como protetores naturais contra o câncer de pulmão. Mas, para que elas façam efeito, é preciso que o corpo não as elimine, e aí está a descoberta dos pesquisadores. A equipe francesa constatou que os isotiocianatos deixam de ser eliminados quando a pessoa tem as versões inativas dos genes GSTM1 e GSTT1. Nas versões ativas, estes genes produzem enzimas "limpadoras" que removem determinadas toxinas do organismo, levando junto os isotiocianatos. Dieta básica Os pesquisadores da Iarc, localizada em Lyon, examinaram 2.168 pessoas com câncer no pulmão e outras 2.168 saudáveis, vindas de Polônia, Eslováquia, República Checa, Romênia, Rússia e Hungria, onde essas verduras fazem parte da dieta básica. Foram tiradas amostras de DNA e as suas dietas foram monitoradas. O efeito protetor do gene não foi observado nas pessoas com versões ativas dos dois genes. Entre aqueles que tinham uma versão inativa do GSTM1, no entanto, o consumo semanal dos vegetais aumentou a proteção contra a doença em 33%. Aproximadamente metade das pessoas tem essa forma de gene. Nos participantes com uma versão inativa do GSTT1, o aumento da proteção foi ainda maior - 37%. Apenas um quinto dessas pessoas tem esse gene. Em indivíduos com versões inativas dos dois genes juntos - situação que se aplica a 10% da população - o efeito protetor foi de 72%. Quantidade Paulo Boffetta, um dos membros da equipe, ressaltou que todos os voluntários comiam as verduras e, portanto, não é possível saber, a partir do estudo, se a quantidade ingerida interfere no efeito protetor. "A mensagem aqui é que o efeito ambiental depende da herança genética e vice-versa." Boffetta enfatizou, entretanto, que o efeito protetor das verduras não eliminaria os malefícios causados pelo cigarro, maior responsável pela incidência de câncer de pulmão. "O risco de um fumante regular desenvolver câncer de pulmão é 20 vezes maior do que o de um não-fumante. Portanto, mesmo se o consumo desses vegetais cortar esse risco pela metade, fumantes ainda estariam sob um risco muito maior."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.