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Homeopatia não é melhor que placebo, diz revista médica

Citando estudo, The Lancet afirma que é hora de reconhecer "falta de benefícios" deste tipo de tratamento

Por Agencia Estado
Atualização:

A revista médica britânica The Lancet fez uma dura crítica à homeopatia ao assegurar que é hora de reconhecer a "falta de benefícios" deste tipo de medicina. Em seu editorial desta semana, a publicação, de referência na área médica, destaca que a homeopatia não é melhor que os placebos, como revela, segundo afirma, um estudo realizado por um grupo de cientistas. As conclusões de um estudo suíço-britânico, que submeteu vários pacientes a 110 tratamentos homeopáticos e de placebo, demonstram que a primeira técnica não é mais eficaz que a segunda, conforme a revista. Os indivíduos, que também se submeteram a tratamentos médicos convencionais, tinham asma, alergias e problemas musculares. "Atenção personalizada" Apesar de algumas pessoas se sentirem melhor após o tratamento homeopático, "isto não tem nada a ver com o que contêm" seus remédios, segundo o professor Matthias Egger, da Universidade de Berna, na Suíça. Se esta técnica parece funcionar é devido à forma como se dá o tratamento, já que o homeopata costuma oferecer uma atenção personalizada ao paciente, segundo Egger. Em seu editorial, a revista assegura que os médicos devem ser "corajosos e honestos sobre a falta de benefícios" deste tipo de medicina. Resultados e popularidade A comunidade médica sempre se mostrou dividida quanto aos efeitos benéficos da homeopatia. O método foi criado no fim do século 18 pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843). Neste tipo de terapia, as doenças são curadas com remédios que causam os mesmos sintomas, mas que são administrados em doses infinitesimais, em pequenos glóbulos açucarados ou em gotas. Com o título ?O fim da homeopatia?, o editorial da revista diz que o mais surpreendente não são os resultados do estudo, mas que o debate continue após ?150 anos de resultados desfavoráveis? à homeopatia. Para a revista, é curioso que ?quanto mais diluídas se tornam as evidências da homeopatia, aparentemente maior é a sua popularidade.? Pressão Os editores da revista lembram que, apesar de por muito tempo ter havido uma complacência com o método homeopático, o cenário tem mudado recentemente. Em 2000, o Comitê Parlamentar em Ciência e Tecnologia do Reino Unido emitiu um relatório ressaltando que ?qualquer terapia que afirme ser capaz de tratar de condições específicas deve mostrar evidência de que isso será feito acima e além do efeito placebo?. O governo suíço foi além. Após a divulgação de um estudo clínico de cinco anos, decidiu retirar a cobertura dos tratamentos homeopáticos do sistema de saúde nacional. Relatório da OMS Em reportagem, The Lancet ataca um recente relatório preliminar publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), feito pelo mesmo grupo que avaliou a acupuntura em 2003, em outra análise controversa. O relatório da OMS sobre homeopatia afirma que o método terapêutico se mostrou superior ao placebo em experimentos controlados e ?equivalente à medicina convencional no tratamento de doenças, tanto em homens quanto em animais?. Os críticos não pouparam palavras. ?O relatório é baseado em dados positivos e esquece os negativos encontrados em outros estudos?, disse Edzard Ernst, da Escola Médica Península, do Reino Unido. ?A OMS não deveria promover a homeopatia, da mesma forma que o fez com a acupuntura.? A OMS se defende ao afirmar que o relatório, além de preliminar, tem o objetivo de estimular mais pesquisas sobre o assunto. ?Nossa proposta é melhorar as abordagens das pesquisas e levar a estudos clínicos mais apropriados?, disse Xiaorui Zhang, que coordenou a análise da OMS. Nota do Editor: Este texto foi alterado em 26/08/05 para inclusão de detalhes e do link direto para a revista

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