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Ibama confisca madeira da máfia do mogno

A operação é coordenada pelo chefe da fiscalização nacional do Ibama, Lerlande Barroso, que comanda 50 homens, entre fiscais e policiais militares. Esta é a maior apreensão feita nos últimos anos pelo Ibama na Amazônia

Por Agencia Estado
Atualização:

Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) armaram uma operação de guerra no noroeste do Pará, em plena floresta Amazônica, para retirar cerca de 20 mil metros cúbicos de mogno apreendidos em uma das maiores operações desta natureza, realizada pela instituição. A madeira, cujo valor ainda está sendo calculado, está sendo transportada pelos rios da região e só deve chegar a Altamira em meados de março. Outra denúncia chegada ao Ibama afirma que outros 21 mil metros cúbicos de mogno estão estocados próximos à área dos índios capiapós, perto de Redenção. Mogno vai para casas A operação está sendo coordenada pelo chefe da fiscalização nacional do Ibama, Lerlande Barroso, que comanda 50 homens, incluindo fiscais e policiais militares do Pará. A princípio, esta é a maior apreensão feita nos últimos anos pelo Ibama na Amazônia. A madeira estava armazenada na Fazenda Jurilândia, às margens do Rio Iriri, a 140 quilômetros de Altamira, destino final do mogno. A pretensão do governo é doar toda ou parte da madeira apreendida para o Programa Comunidade Solidária fazer casas populares. Madeira vale R$ 30 milhões Somente na região conhecida por Terra do Meio, o Ibama está retirando 10 mil metros cúbicos de mogno, cujo valor pode chegar a R$ 30 milhões, segundo técnicos do orgão. Toda a madeira está sendo retirada do meio da floresta por tratores e colocada às margens do Rio Carajaí, onde é presa em balsas com aproximadamente 180 toras cada. ?Para chegarmos ao destino final, deveremos levar em torno de 80 dias?, avalia Barroso, que conta com a ajuda do Batalhão de Infantaria de Selva, do Exército e do Batalhão Florestal da Polícia Militar. A madeira apreendida no Pará pertence ao que as autoridades ambientais e do Ministério Público chamam de ?máfia do mogno?, liderada por madeireiros da região da Transamazônica. Destruição da floresta Um relatório de promotores locais mostra que, além do mogno ? hoje a madeira mais nobre do País ? a devastação ambiental é muito grande, causada pela extração de árvores. ?Além de tirar espécies nobres, como mogno, os predadores derrubam grande quantidade de árvores, como sucupira, frejo, massaranduba, adiroba, jatobá e outras, chegando ao extremo de destruir cerca de 50 metros em torno de cada árvore de mogno abatida?, diz o promotor Mauro José Mendes de Almeida. A máfia, segundo investigações do Ibama e da Polícia Federal, investiu em torno de US$ 2 milhões na região da Transamazônica, tornando a extração legal um grande empreendimento. Na Fazenda Jurilândia, por exemplo, foram apreendidos 28 caminhões, uma balsa, 10 carros, dois aviões, dois tratores de grande porte, usados para retirar a madeira do meio da floresta, e 21 motosserras, equipamento utilizado para derrubar pequenas árvores em torno do mogno. ?A operação desencadeada pelo governo federal desmontou o esquema. A madeira apreendida não é coisa virtual, mas um fato real?, afirma Lerlande.

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