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Incêndios castigam parques e reservas

Na primeira quinzena de agosto, satélites registram estabilidade nos índices de queimadas agrícolas, mas muitas frentes de incêndios em áreas protegidas

Por Agencia Estado
Atualização:

Os índices de queimadas mantiveram-se praticamente estáveis, na primeira quinzena de agosto, em relação a julho. De acordo com os dados dos satélite NOAA, processados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Embrapa Mo nitoramento por Satélite (CNPM), a soma de focos detectados entre os dias 1 e 14 foi 10.548. "A notícia tem um lado positivo, pois o usual é se registrar um aumento significativo dos índices neste período do ano, quando a vegetação já está bem seca, na m aior parte do território nacional, e as queimadas começam se intensificar na porção central da Amazônia", comenta Evaristo Eduardo de Miranda, da Embrapa. Se os números absolutos se mantiveram no mesmo patamar, no entanto, a distribuição espacial dos focos mudou bastante de julho para agosto. Embora o Mato Grosso ainda se mantenha como o estado recordista em queimadas, sua representatividade no total de re gistros do país ficou reduzida, nestas duas semanas, em especial devido ao aumento significativo das concentrações de focos no Pará. No Mato Grosso, os satélites detectaram 3228 focos, nesta quinzena, o que corresponde a 30% do total brasileiro. Bem abai xo, portanto, dos porcentuais verificados em junho e julho, de 73 e 59% do total nacional, respectivamente. Os principais focos do Mato Grosso estiveram concentrados na Serra dos Apiacás e Bacia do Rio Arinos, no norte do estado; na região de Alta Floresta e Sinop; nas margens do rio Coluene, junto ao Parque Indígena do Xingu, e na Chapada dos Parecis, no sudo este do estado, onde predomina um cerrado aberto sobre solo arenoso, muito suscetível ao fogo. As queimadas também apareceram nas depressões inundáveis da bacia do Rio Barbado, na fronteira com a Bolívia, a noroeste de Aguapeí, sobretudo na primeira sema na de agosto. No Pará, o total de registros chegou a 2744, nesta quinzena, o equivalente a 26% do índice brasileiro. A grande maioria dos focos esteve associada à rodovia BR-163, no trecho sul do Pará, entre as localidades de Água Limpa e Moraes de Almeida, e à rodovi a PA-279, que liga São Félix do Xingu a Xinguara. Ambas as estradas estão desenhadas a fogo, nas imagens de satélite, tal a proximidade dos focos, nas propriedades agrícolas de suas margens. Nos estados do Maranhão e Tocantins, os registros vem crescendo e o total dos últimos dias foi de 808 e 692 focos, respectivamente. As queimadas ainda se alastram por Rondônia e Acre e, com intensidade média, aparecem em alguns pontos da borda sul do Pan tanal, no Mato Gorsso do Sul, em torno de Porto Murtinho; no sul de Goiás, perto de Rio Quente e Caldas Novas; em Minas Gerais, entre Teófilo Ottoni e Governador Valadares e no norte do Espírito Santo, próximo de Linhares. Conforme o monitoramento de incêndios em áreas protegidas, realizado pelo Inpe, na primeira quinzena de agosto, multiplicaram-se as frentes de fogo detectadas em unidades de conservação e terras indígenas. Chama a atenção o fato de haver registros em pa rques isolados, como o Pico da Neblina (2 focos), no Amazonas, e a Serra do Divisor (1 foco), no Acre, onde o acesso é muito difícil. São focos isolados, mas podem estar associados a atividades ilícitas, como garimpo ou tráfico e contrabando. Outro desta que, desta vez positivo, é para o registro de uma única frente de fogo no Parque Nacional do Araguaia, no Tocantins, que nos anos anteriores sempre quebrou recordes. Além destes, os satélites apontaram ocorrências de incêndios nos parques nacionais de Pacaás Novos (1 foco), em Rondônia; da Chapada dos Veadeiros (2 focos) e das Emas (15 focos), em Goiás; dos Lençóis Maranhenses (3 focos), no Maranhão; da Serra da Cana stra (4 focos), em Minas Gerais; da Chapada Diamantina (2 focos), na Bahia, e do Itatiaia (1 foco), no Rio de Janeiro. Queimaram igualmente as reservas biológicas de Tapirapé (2 focos), no Pará, e Guaporé (2 focos), em Rondônia, e as florestas nacionais de Humaitá (1 foco) e Tefé (1 foco), no Amazonas; Carajás (5 focos), Itacaiúnas (62 focos), Tapirapé-Aquiri (8 focos) e Altamira (21 focos), no Pará; Bom Futuro (23 focos) e Jamari (1 foco), em Rondônia e Macauã (1 foco), no Acre. E a Estação Ecológica d e Uruçuí-Una, no Piauí continua ardendo. Diversos incêndios vem sendo detectados, naquela unidade de conservação, desde o mês de maio e, somente nestes primeiros dias de agosto, foram 9 focos. Nas terras indígenas, o pior recorde é do índios Apyterewa, no Pará, com 290 focos registrados. Em seguida vem a Terra Indígena dos Kaiapó, no Pará, com 198 focos; o Parque Indígena do Araguaia, no Tocantins, com 162 focos, e a Terra Indígena Baú, no Pará, com 105 focos.

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