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Incineração de animais reduz contaminação biológica no lixo

São Paulo já incinera parte das carcaças de animais atropelados ou provenientes de clínicas veterinárias, que contaminam o lixo doméstico

Por Agencia Estado
Atualização:

O lixo das grandes cidades acumula problemas, que em localidades menores nem chegam a ser notados. É o caso de carcaças de animais - gatos, cachorros, aves, cavalos e outros animais de estimação - recolhidas nas ruas, provenientes de clínicas veterinárias ou depositadas em lixões e aterros por particulares. Numa cidade pequena, onde as casas ainda têm quintais, existe espaço público e o número de carcaças é pequeno, a solução mais comum é enterrar, com um pouco de cal, de preferência envolvendo todo o animal, por cima, por baixo e pelos lados. Mas numa metrópole como São Paulo, onde só o recolhimento feito pela prefeitura, nas ruas, chega a 6 toneladas diárias de carcaças, o problema assume uma outra dimensão, com riscos de contaminação biológica muito maiores. "Um dos riscos é a disseminação de mais de 20 tipos de zoonoses, ou seja, doenças de animais que afetam também o homem, como leptospirose, hepatite, brucelose, toxoplasmose, etc", diz o veterinário Carlos Alberto Molina, da Delc Ambiental, empresa que presta serviços de incineração. Segundo ele, o animal em decomposição é um meio de cultura de bactérias, vírus, fungos e verminoses, que podem ser carreados até o lençol freático, contaminando solo e água, ou podem ser transmitidos por insetos vetores, como as moscas, e para outros animais, que eventualmente entrem em contato com as carcaças. A ocorrência de bernes, bicheiras e miíases também está associada à contaminação biológica. "Muitas vezes a pessoa mora num apartamento e não sabe a quem encaminhar o animal de estimação, que morreu, por isso acaba colocando num saco plástico, no lixo comum", observa João Lino de Souza, diretor da Limpurb, empresa municipal paulistana. O correto seria encaminhar a carcaça separadamente a uma clínica veterinária, que vai examinar o animal e fornecer um atestado da existência ou não de zoonoses, ou levar diretamente à empresa pública de lixo, que, no caso de São Paulo, é a Limpurb. "Recomendamos a mesma coisa para o caso de animais atropelados: a população deve entrar em contato direto com a limpeza pública, que vai recolher o animal na rua e higienizar o local, de modo a diminuir os riscos de contaminação". Até 26 de dezembro do ano passado, a Limpurb destinava as carcaças a aterros sanitários ou armazenava em congeladores. Agora, cerca de 40 toneladas mensais de carcaças estão sendo encaminhadas para incineração, na Delc Ambiental, localizado em São Bernardo do Campo. As carcaças são temporariamente depositadas num container a -20ºC e depois transportadas para um incinerador e reduzidas a 5% do volume original, a uma temperatura de 900ºC. De acordo com Molina, as cinzas são estéreis e podem ser usadas tanto como farinha de ossos, como depositadas, sem riscos de contaminação, nos aterros comuns. Por enquanto, estão sendo incinerados os animais de procedência desconhecida e os portadores de doenças infecto-contagiosas, provenientes de clínicas veterinárias e do departamento de zoonoses da prefeitura. Os demais ainda são encaminhados a aterros sanitários. Além da Prefeitura de São Paulo, que já começou a incinerar as carcaças, as prefeituras do Guarujá, São Bernardo, Santo André e Santos devem adotar o mesmo procedimento, em breve. A capacidade atual do incinerador é de 75 toneladas/mês, mas as instalações estão sendo duplicadas e a capacidade deve passar para 150 toneladas/mês, segundo informa Pepe Alstult, presidente da empresa incineradora. Os investimentos nas instalações foram de R$ 5 milhões e incluem tecnologias de retenção de gases poluentes, resultantes da incineração. Serviço - O serviço gratuito de recepção de carcaças de animais da Limpurb, em São Paulo, fica no Aterro Santo Amaro, av. Miguel Yunes, 346. O telefone para informar sobre animais atropelados é o Alô Limpeza (11) 2293666.

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