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Indonésia vai dobrar área marinha protegida

O ministro da Pesca e Assuntos Marinhos da Indonésia, Rohkmin Dahuri, anunciou hoje o compromisso de criar 4,7 milhões de hectares em Áreas Marinhas Protegidas nos próximos três anos

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Pesca e Assuntos Marinhos da Indonésia, Rohkmin Dahuri, anunciou hoje, durante a conferência "Desafiando o Fim dos Oceanos", em Los Cabos, no México, o compromisso de criar cerca de 4,7 milhões de hectares em Áreas Marinhas Protegidas, nos próximos três anos, e de estender as áreas protegidas - incluindo corredores para espécies migratórias - para 20% da área marinha total do país, nos 10 anos seguintes. Ele também assinou uma carta de intenções com a entidade ambientalista Conservation International (CI), firmando uma parceria para implementar, de fato, tais unidades de conservação, com recursos de um novo fundo fiduciário. A CI contribuiu com o primeiro milhão de dólares do fundo e vai buscar doadores para chegar aos 30 a 50 milhões necessários para todo o sistema de unidades de conservação marinhas da Indonésia. "Sendo o país com maior biodiversidade marinha do mundo, centro do Triângulo dos Corais do Sul da Ásia, acredito que podemos liderar um processo de conservação dos oceanos em nossa região, usando exemplos positivos, que já existem nas Filipinas, e mostram aos pescadores as vantagens da proteção aos estoques pesqueiros", disse à Agência Estado, o ministro Dahuri. Segundo ele, países como a Malásia, Coréia e Japão provavelmente seguirão seus passos. "Ficamos impressionados com o compromisso fenomenal da Indonésia, extremamente importante para a biodiversidade marinha", comentou Russel Mittermeier, da CI. Com 17 mil ilhas, que somam 1,9 milhões de km2 de terra, e 5,8 milhões de km2 de oceanos, em sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE), a Indonésia tem 215 milhões de habitantes, dos quais 3 milhões são pescadores e 2 milhões aquacultores. As atividades marinhas respondem por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e só a pesca corresponde a 2% do PIB. Não é surpresa, portanto, o fato do país enfrentar grandes pressões sobre os estoques pesqueiros, seja pela falta de controle da pesca, por poluição biológica ou pela destruição de hábitats marinhos, devido a práticas pesqueiras inadequadas e mineração de corais e areia. Em 1999, as diversas secretarias de alguma forma relacionadas ao mar foram reunidas no atual Ministério da Pesca e Assuntos Marinhos, que herdou a responsabilidade de reverter o declínio dos oceanos, além de 5,3 milhões de hectares em Áreas Marinhas Protegidas, de diversas categorias, divididas em 41 unidades, das quais apenas oito contam com planos de manejo. O compromisso de chegar a 10 milhões de hectares em três anos e efetivamente implantar todas as unidades depende, na opinião do ministro, dos bons resultados de uma ampla campanha de conscientização popular sobre a importância de conservar os oceanos e de praticar uma pesca responsável, a par do apoio de outros ministérios, como Transportes, Indústria, Obras e Energia. Dahuri pretende aumentar a eficiência da indústria pesqueira, reduzindo desperdícios e agregando valor ao pescado, sem aumentar a captura anual, que é de cerca de 5 milhões de toneladas. E resta, ainda, o desafio de restaurar os ecossistemas degradados, por meio do manejo costeiro e programas de parceria com conservacionistas. Em suas águas, a Indonésia abriga 18% da área coberta por corais de todo o planeta, totalizando 85 mil km2. Ali vivem dois terços das espécies de coral duro conhecidas, ou algo em torno de 600 espécies, de 80 gêneros diferentes. "Para os ecossistemas mais sensíveis teremos Áreas de Proteção Marinhas com proibição total de captura, mas também vamos criar áreas mistas, onde a captura racional poderá ser praticada, e corredores entre as áreas, que são especialmente importantes para as espécies migratórias", finaliza o ministro. "Nosso maior interesse é promover o desenvolvimento sustentável com conservação." Clique aqui para ver o especial Oceanos em declínio

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