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Indústria investe na destinação da embalagem de agrotóxico

Operando desde março, o InpEV já recolheu 2,6 mil toneladas de embalagens, que estão sendo encaminhadas para reciclagem e incineração

Por Agencia Estado
Atualização:

A lei federal que atribui à indústria de agrotóxicos a responsabilidade sobre a destinação final das embalagens desses produtos levou o segmento a mobilizar-se e criar o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV) para coordenar essa operação. Em vigor desde junho último, quando foi regulamentada, a legislação prevê responsabilidades para a indústria, o revendedor e o agricultor. Operando desde março, o InpEV já recolheu 2,6 mil toneladas de embalagens em todo o Brasil, que estão sendo encaminhadas para reciclagem e incineração. A expectativa da entidade é recolher, até o final do ano, 20% dos 32,6 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos produzidas no País. Para 2003, a meta é chegar a 40% do total. Segundo o engenheiro agrônomo Mário Kazuchira Fujii, gerente de logística do InpEV, a entidade reúne 39 associados, que representam a totalidade da indústria de agrotóxicos no Brasil (nacionais e multinacionais), além de sócios colaboradores, como a Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andev). Para chegar à totalidade, ou perto disso, das embalagens, pretende investir, até 2006, US$ 25 milhões, e contar com a colaboração de todos os elos da cadeia produtiva. Responsabilidade dividida Pela legislação em vigor, cabe ao agricultor realizar a tríplice lavagem da embalagem, que consiste em lavar três vezes o recipiente no momento em que vai utilizar o material, de modo que a água da lavagem seja misturada ao produto e não descartada em outro lugar. ?Estudos da Universidade de São Paulo indicam que quando se faz isso, a quantidade de ativo na embalagem fica abaixo de 100 partes por milhão (ppm), o que elimina o perigo para manuseio e transporte da embalagem. Além disso, terá um aproveitamento entre 0,3% e 0,4% a mais do produto?, explica Fujii. Ao agricultor cabe, ainda, entregar essa embalagem em um posto de coleta, em até um ano após a compra. Esses postos ou centrais de recebimento são obrigação dos revendedores, que necessitam informar o endereço, na nota fiscal do produto. Atualmente, existem 102 unidades de recebimento no País, sendo 62 centrais (onde o material é compactado) e 40 postos de coleta (para quantidades menores). ?Pelos nossos cálculos, precisaremos ter entre 350 e 400 unidades para atender toda a demanda nacional?, diz. Para que essa meta seja atingida, o InpEV utiliza o dinheiro da venda das embalagens para reciclagem para apoiar a construção dessas unidades, através de associações de revendedores. ?Calculamos que 15% das embalagens produzidas não cheguem ao agricultor, pois ficam em estoques nas revendas ou cooperativas. Por isso, trabalhamos com um valor de 27,7 mil toneladas anuais a receberem destinação final?. Desse total, 16,8 mil toneladas são passíveis de reciclagem já e 14,5 mil toneladas (PET, caixas de papelão e as tampas) estão sendo estocadas, enquanto se encontra a melhor solução. O restante - 1,3 mil tonelada - vai para incineração. ?Uma das grande preocupações da indústria é trabalhar somente com parceiros - sejam indústrias de reciclagem, incineradoras ou transportadoras - de extrema confiança, pois não podemos correr o risco de ter passivos ambientais e sermos penalizados pela Lei de Crimes Ambientais?, diz Fujii. Pela operação montada pelo instituto, a parte metálica das embalagens é vendida para a Belgo Mineira, que produz vergalhões para construção civil, entre outros. O Polietileno de Alta Densidade (PEAD) vai para a Dinoplast, em Louveira, que fabrica conduites corrugados, e para a Metalúgica Barra do Piraí, do Rio de Janeiro, que utiliza o Coex, outro tipo de plástico, para fazer barricas plásticas de incineração e bombonas para lubrificantes. Entre os projetos em desenvolvimento, estão testes para utilizar os PETs na fabricação de vassouras, usar o papelão para fazer barricas de incineração e reciclar as tampas para utilização na própria indústria de defensivos agrícolas. ?O uso de aterros não está nos nossos planos, pois não queremos ficar com nenhum passivo?, diz Fujii. Para incineração, são destinadas, basicamente, embalagens que não podem receber a tríplice lavagem ou que não passaram pelo processo por qualquer motivo. Dificuldades Segundo o gerente do InpEV, o grande desafio da entidade é conscientizar revendedores e agricultores sobre a necessidade de participar do processo. Das 2,6 mil toneladas recolhidas até o momento, 51% vieram do Mato Grosso, 16% de São Paulo, 9% do Mato Grosso do Sul, 8% do Paraná, 5% de Goiás. Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais colaboraram com 3% cada do total e Pernambuco e Santa Catarina com 1% cada. ?É um processo novo, por isso é natural que tenhamos dificuldades?, acredita Fujii. Segundo ele, a arrecadação em São Paulo representa, até o momento, apenas 7% do potencial do Estado. No Mato Grosso, com menos postos de entrega e maiores dificuldades de transporte, foram devolvidas 47% das embalagens consumidas. Entre as ações do InpEV para contornar essa defasagem, estão a realização de oito reuniões para aumentar o nível de consciência e engajamento das revendas em São Paulo. ?No Paraná, que é um estado essencialmente agrícola, apenas 5% das embalagens foram entregues. Por isso, vamos realizar uma pesquisa qualiquantitativa para avaliar porque acontece isso?.

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