Inventores da fibra óptica e da câmera digital ganham o Nobel

Comunicações ópticas são premiadas neste ano; cientistas da China, Canadá e EUA dividirão a honraria

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Por Carlos Orsi
Atualização:

O prêmio Nobel de Física deste ano será dividido entre Charles Kao, 75 anos; Willard S. Boyle, 85, e George E. Smith, 79. Kao foi responsável pelo aperfeiçoamento das fibras ópticas que permitiu o uso dessa tecnologia para a transmissão de dados a longa distância. Boyle e Smith inventaram o sensor CCD, que permite o registro digital de imagens e que levou à substituição das câmeras fotográficas com filme pelas digitais.

 

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Kao, que tem cidadania americana, nasceu em Xangai e realizou a descoberta premiada com o Nobel trabalhando no Reino Unido. Ele receberá metade do prêmio de US$ 1,4 milhão; Boyle e Smith, que atuam nos Laboratórios Bell, nos EUA, dividirão a outra metade. Smith é americano, e Boyle tem cidadanias americana e canadense.

 

Kao, Boyle e Smith, em imagens apresentadas durante o anúncio do prêmio, em Estocomo. AP

 

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Kao disse que nunca esperou o prêmio, embora reconheça as grandes mudanças que sua pesquisa provocou no mundo. "Fibras ópticas mudaram muito o mundo da informação nos últimos 40 anos", disse ele, em nota distribuída pela Universidade Chinesa de Hong Kong.

 

"Eu me sinto bem", disse Boyle, entrevistado por teleconferência diretamente da Academia de Sueca de Ciências. "Ainda nem tomei meu café", disse ele. "Ainda não tomei muito consciência disso, mas tenho essa sensação toda pelo corpo, tipo 'É muito bom, mas será que é para valer?'".

 

Boyle disse que não esperava o Nobel tão cedo, mas que vê sua invenção, hoje, em pequenos aparelhos portáteis, que praticamente todas as pessoas usam, e também em Marte. Ele disse que o resultado mais impressionante de seu trabalho foi a transmissão de imagens de Marte para a Terra, "que não teria sido possível sem nossa invenção".

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Smith, que pilota barcos como hobby, recentemente completou um cruzeiro ao redor do mundo, que levou 17 anos. Perguntado por jornalistas que o encontraram em sua casa, nos EUA, sobre o que faria com o dinheiro, ele disse: "Tenho 79 anos agora. Não acho que a minha vida vá mudar muito. Nem preciso de  um barco maior".

 

Ao anunciar o prêmio, os membros da Academia Sueca citaram a importância do CCD em pesquisas médicas e astrofísica.

 

Imagem recente produzida pelo Telescópio Espacial Hubble, que usa a tecnologia CCD. HST/Nasa-ESA

 

Segundo a nota distribuída pela Fundação Nobel, as descobertas premiadas neste ano "ajudaram a dar forma às fundações das sociedades em rede de hoje". "Elas criaram muitas inovações práticas para a vida cotidiana e ofereceram novas ferramentas para a ciência".

 

As pesquisas vencedoras

 

Kao realizou os cálculos que previam que uma fibra de vidro extremamente puro seria capaz de transmitir comunicações por meio ópticos a distâncias superiores a 100 km. As fibras da época tinham capacidade de transmissão de cerca de 20 metros. Segundo a Academia Sueca, Kao não chegou a patentear sua descoberta.

 

 

Já o sensor CCD (sigla de "Charged-Coupled Device") foi criado por Boyle e Smith em 1969. Ele se vale do efeito fotoelétrico descrito por Albert Eisntein - e pelo qual o físico alemão ganhou o Nobel de 1921 - que explica como a luz pode ser convertida em impulsos elétricos.

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História

 

No ano passado, o prêmio foi concedido a Yoichiro Nambu, Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa por trabalhos no campo da física teórica, envolvendo a quebra espontânea de simetria nas partículas subatômicas (no caso de Yoichiro Nambu) e a previsão teórica - feita por Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa e confirmada, depois, em experimentos - da existência de mais três tipos de quarks, uma família de partículas subatômicas.

O Nobel de Física foi o primeiro dos prêmios instituídos pelo inventor sueco Alfred Nobel a ser concedido a uma mulher: Marie Curie recebeu a honraria em 1903, quando dividiu o prêmio com o marido, Pierre, e com Henri Becquerel pela descoberta e estudo da radioatividade. A única outra mulher a receber o prêmio de Física foi Maria Goeppert-Mayer, em 1963.

 

(com Reuters e AP)

 

(Ampliada às 12h11)

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