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Ipam vê falta de foco no combate ao desmatamento

Falta saber exatamente onde e quanto há de desmatamento ilegal, para poder direcionar as ações

Por Agencia Estado
Atualização:

O debate sobre o desmatamento da Floresta Amazônica está míope, segundo pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), uma ONG sediada em Belém (PA). Para eles, os dados globais sobre a perda de vegetação impressionam mas falta saber exatamente onde e quanto há de desmatamento ilegal, para poder direcionar o combate. ?A grande questão nesse caso, mais do que o índice (de desmatamento) em si, é justamente poder dizer o que é legal e o que é ilegal?, afirma Ane Alencar, pesquisadora do Ipam, especialista em sensoriamento remoto. ?A contabilidade das áreas que foram liberadas para o desmatamento, dentro do que foi realmente derrubado, poderia nos trazer revelações importantes.? Entre 2003 e 2004, 26 mil quilômetros quadrados da Floresta Amazônica deixaram de existir. Tal ritmo, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só foi maior em 1995. Nos últimos anos, entretanto, a média do desmatamento tem sido muito maior do que a registrada nos anos 1990. Depois de separado o desmatamento apropriado - necessariamente legal, mas também realizado em solos aptos para agricultura e, portanto, com baixo risco de abandono precoce da atividade - do ilegal, o debate poderá ganhar nova profundidade, acreditam os pesquisadores do Ipam. Processos diferenciados ?As ações na Amazônia produzem processos diferenciados de ocupação, que requerem tratamento distintos?, explica Ane. Nas fronteiras chamadas familiares, infra-estrutura adequada, assistência e crédito para intensificar a produção e a rotatividade vão diminuir a pressão sobre a floresta, acredita a pesquisadora. "No caso das áreas onde o agronegócio empresarial está consolidado, a única chance é usar o mercado para cobrar uma conduta ambiental adequada?, explica. Um terceiro caso é o tratamento das chamadas áreas de fronteira de expansão explosiva. ?O governo começou fazendo isso ao longo da BR-163 (estrada no Sul do Pará considerada uma área complexa de fronteira agrícola). Mas não basta somente a fiscalização apertar. Em todos os níveis precisamos de grandes exemplos contra a ilegalidade, para inibir aqueles que representam 80% dos ilegais e que mudariam de lado frente a uma ameaça real de punição, como começou a ocorrer.?      estatísticas sobre florestas

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