Itacoatiara gera energia de madeira certificada

Co-geração com resíduos da Mil Madeireira abastece a serraria mais 410 mil residências populares da região, substituindo térmicas a diesel

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Por Agencia Estado
Atualização:

A primeira usina de co-geração de energia a partir de resíduos de madeira da Amazônia começou a funcionar, hoje, em Itacoatiara, no Amazonas, cidade localizada a 240 km de Manaus. Com 9MW, a usina gera energia suficiente para abastecer a serraria da Mil Madeireira, fornecedora do resíduo, e mais 410 mil residências populares, através da interligação com o sistema da Companhia Energética do Amazonas (Ceam). Como a população de Itacoatiara está em torno de 80 mil habitantes, a energia será ?exportada? para a região, substituindo térmicas a diesel, com a vantagem de poluir menos, contribuir menos para o efeito estufa, eliminar os resíduos de madeira e ainda custar muito menos. Cada MW gerado com diesel custa R$ 400,00, enquanto o mesmo MW gerado a partir de resíduo de madeira custa R$100,00. A Mil Madeireira foi a primeira empresa da região a ser certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC) e faz a exploração racional de madeira de terra firme, com o máximo aproveitamento de cada árvore abatida. Ainda assim, produz 215 toneladas/dia de resíduos, até então acumulados a céu aberto, junto à serraria. Agora, o resíduo será vendido à BK Energia Ltda., empresa criada pela Koblitz e o Grupo Brennand, que investiu R$22 milhões na construção da usina. Para gerar a mesma quantidade de energia, em térmicas a diesel, o custo anual é de R$20 milhões, só com o combustível. Segundo José Romero Rego, diretor comercial da BK Energia, ?o resíduo acumulado nos últimos 3 anos pela Mil Madeireira, mais a produção diária, serão suficientes para abastecer a central nos próximos 5 anos?. Depois disso, se necessário, eles poderão comprar resíduos de outras madeireiras locais. A tecnologia usada é semelhante à das usinas de açúcar e álcool, na co-geração com o bagaço de cana: o resíduo de madeira é picado e triturado e alimenta uma caldeira, cujo vapor movimenta turbinas. ?Ainda não adotamos a tecnologia de gaseificação, que é nova e custa caro, mas a economia em relação ao diesel já é grande e estamos retirando do ambiente um resíduo, que era simplesmente desperdiçado e poderia causar impactos em cursos d?água?, pondera Rego. De fato, embora não seja o caso da Mil Madeireira, há muitas serrarias localizadas na beira de rios, na Amazônia, que simplesmente despejam montanhas de serragem nas águas. Outras três centrais estão em construção na Amazônia, em São José do Rio Claro (9MW), Cotriguaçu (1,6 MW) e Araguari (1,2MW), todas no Mato Grosso. Ainda há projetos no Pará, para gerar em torno de 4 MW. ?Em alguns casos, a própria madeireira faz o investimento, em centrais menores, para geração da própria energia, como já ocorre em Santa Catarina?, acrescenta o diretor da BK.

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