Japão tem plano de choque contra epidemia de gripe aviária

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar do Japão anunciou um plano de choque para enfrentar uma possível epidemia de gripe aviária, que poderia causar até 640 mil mortes no país se adquirir a capacidade de ser transmitida de pessoa para pessoa. O plano repassa todas as medidas empreendidas até agora e eleva o risco de contágio e o de possíveis mortes pela doença, que, caso se espalhe entre os japoneses, não causaria 170 mil mortes como estava previsto até agora para o pior dos casos, mas 640 mil. O plano de choque contempla a declaração do estado de emergência no Japão em caso de epidemia, a fim de reduzir o contágio e evitar o pânico que poderia decorrer de tal situação, segundo o Ministério. Entre as medidas excepcionais estariam a proibição de grandes concentrações de pessoas, o fechamento temporário de cinemas, teatros e o cancelamento de shows. Além disso, seria dado às autoridades locais o poder para impedir a ida dos estudantes às salas de aula e, na pior das situações, poderia se evitar que as pessoas fossem trabalhar. Também seria ordenada a hospitalização forçada de todas as pessoas infectadas ou com sintomas. O plano examina seis períodos de extensão da epidemia, desde um primeiro estado de prevenção e alerta até a possibilidade de uma pandemia mundial, que poderia levar ao fechamento das fronteiras. A atual situação, após a morte de várias pessoas pela gripe aviária por contágio de animais infectados, mas sem que se tenha produzido ainda a transmissão entre seres humanos pela mutação do vírus, ocuparia a fase três neste plano de choque. "É imprescindível que se dêem passos firmes para evitar a ansiedade" da população, disse hoje o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi. Segundo explicou o ministro porta-voz, Shinzo Abe, em entrevista coletiva, o Governo pretende coordenar a atuação dos diversos ministérios que o integram e lançar uma campanha de intercâmbio de informação com outros países da região a fim de minimizar a possibilidade de propagação. Também serão ampliados os lotes do remédio antiviral Tamiflu, dos 150 milhões de comprimidos previstos até agora para 250 milhões, destinados a 25 milhões de pessoas. O objetivo é aplicar dose de 10 cápsulas durante cinco dias por pessoa, para esse total de 25 milhões de habitantes com possibilidades de estar infectados. No Japão surgiu uma polêmica sobre esse remédio, depois que algumas estâncias oficiais vincularam seu uso a diversos transtornos que poderiam levar inclusive à morte dos pacientes. No sábado passado, a imprensa japonesa revelou que o Ministério da Saúde investiga o caso da morte de um adolescente que sofreu alucinações após tomar o medicamento, no qual vários Governos já depositaram sua esperança para prevenir o risco de uma possível epidemia. O jornal japonês Mainichi noticiou no sábado o caso de dois adolescentes cuja morte, derivada de perturbações mentais, parece vinculada ao consumo de Tamiflu. O próprio Ministério da Saúde afirmou que a "conduta anormal" produzida por esse remédio antiviral, cuja patente é da Roche, pode levar a acidentes mortais. O laboratório suíço respondeu que o antiviral já foi utilizado por mais de trinta milhões de pessoas no mundo todo e que tem "um bom perfil de segurança". O Tamiflu é empregado para inibir o desenvolvimento do vírus da gripe no organismo humano. Apesar do alarmismo no Ministério da Saúde, o departamento insistiu que serão ampliados os lotes do remédio e que, em caso de escassez, se dará prioridade para seu consumo a determinados grupos sociais, de cujo trabalho dependerão a saúde e a segurança do país, além de crianças e idosos.      leia mais sobre gripe aviária

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