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Judeus dizem ao Vaticano que negação do Holocausto é crime

'A negação do Shoah não é uma opinião, mas um crime', disse o presidente da organização franco-judaica CRIF

Por Philip Pullella
Atualização:

Líderes judeus disseram a autoridades do Vaticano que a negação do Holocausto "não foi uma opinião mas um crime" durante reunião nesta segunda-feira, 9, para discutir sobre um bispo que eles acusam de ser antissemita.   Veja também:  Perguntas e respostas: A polêmica do bispo que nega o Holocausto  Vídeo: A polêmica entrevista do bispo Williamson Bispo que negou holocausto é retirado do cargo na Argentina Bispo diz que não vai retirar negação de Holocausto Vaticano pede que bispo que negou Holocausto se retrate Papa divide Vaticano ao reabilitar bispo que nega o Holocausto Blog de Richard Williamson     Os encontros, os primeiros desde a controvérsia envolvendo o bispo Richard Williamson, que nega a amplitude do Holocausto, começaram no mês passado, e ocorreram três dias antes de o papa Bento XVI discursar para um grupo de líderes judeus norte-americanos.   Williamson disse em entrevista à televisão sueca, em janeiro: "Eu acredito que não existiram câmaras de gás." Ele afirmou ainda que não mais que 300.000 judeus morreram em campos de concentração nazistas, em vez dos 6 milhões estimados por historiadores.   "Hoje nós reafirmamos que a negação do Shoah não é uma opinião, mas um crime", disse Richard Prasquier, presidente da organização franco-judaica CRIF, usando a palavra em hebraico para Holocausto.   Prasquier e Maram Stern, vice-secretário do Congresso Mundial Judaico (WJC, na sigla em inglês), conversaram com o cardeal Walter Kasper, chefe do escritório do Vaticano para relações com os judeus.   "Nós queremos que o Vaticano perceba que acomodando antissemitas como Williamson, os feitos de quatro décadas de diálogo entre católicos e judeus estarão postos em dúvida", disse em comunicado o presidente do WJC Ronald Lauder.   "Nós agora acreditamos que nossa mensagem foi entendida. O polêmico debate das últimas três semanas teve um impacto positivo", disse Lauder, que não participou das reuniões.   As relações entre católicos e judeus ficaram tensas desde o dia 24 de janeiro, quando o papa Bento XVI revogou as excomungações de quatro bispos tradicionalistas.   Entre os que condenaram Williamson e a decisão do papa estão sobreviventes do Holocausto, católicos progressistas, legisladores norte-americanos, líderes israelenses, a chanceler alemã Angela Merkel e o escritor judeu e vencedor do prêmio Novel da Paz Elie Wiesel.   Uma fonte da Igreja disse que o chefe do rabinato de Israel, que interrompeu os diálogos, decidiu restabelecer as conversas e visitará o Vaticano no final de fevereiro ou no meio de março.   O Vaticano ordenou Williamson a se retratar publicamente. Durante o fim de semana, líderes tradicionalistas disseram que ele havia sido afastado como diretor de um seminário na Argentina.

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