Se você for um rastafári na Itália, poderá ter mais maconha do que a lei permite para todo o resto da população. A mais alta Corte criminal da Itália decidiu que o fato de os rastafári considerarem o uso da maconha um sacramento religioso deve ser levado em consideração se forem acusados por tráfico de drogas, disseram os advogados de um caso recente e repórteres nesta sexta-feira, 11. Fumar maconha na Itália não é crime, mas ser pego com quantidades consideradas muito grandes para o consumo pessoal pode levar a acusações de tráfico de drogas. A Corte derrubou as acusações de tráfico contra um rastafári italiano de 44 anos, determinando que o que ele possuía estava de acordo com o uso pesado que fazem os membros da religião. A Corte também anulou a sentença de prisão por 16 meses dada a ele em 2004, disse a advogada de defesa Caterina Calia. A polícia encontrou o homem com alguns gramas de maconha, o suficiente para fazer 70 cigarros, que ele disse serem para uso pessoal, ela disse. "Rastafári geralmente fumam juntos", disse Calia. "Ele é rasta e argumentou que a maconha é uma droga divina." Calia disse não ter visto a explicação oficial da Corte na quinta-feira, 10, e portanto preferiu não entrar em detalhes. No entanto a mídia italiana citou o comunicado oficial: "o uso rastafári é não apenas medicinal, mas também uma maneira de entrar em estados de contemplação para a oração", reproduziu o jornal La Stampa de Turim. "Fazendo parte dessa religião, seguidores devem usar a erva sagrada em até 10 gramas por dia." Os rastafári veneram o último imperador da Etiópia, Haile Selassie, que morreu em 1975, como um deus. Eles acreditam na unidade com a natureza e usam o consumo de maconha como um sacramento. O ministério da Saúde italiano descreveu a decisão como "perturbadora". "Essas decisões representam um elemento de desestabilização para os pilares do secularismo", disse Francesca Martini. O parlamentar de direita Maurizio Gasparri também criticou a medida, dizendo que os rastafári são mais uma moda na Itália.