Laboratório vai produzir remédio radioativo para doentes de câncer

O laboratório terá condições de produzir FDG para sete hospitais fluminenses e atender, pelo menos, 56 pacientes por dia

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) inaugura, na próxima quinta-feira, o primeiro laboratório brasileiro com produção em larga escala de FDG (fluordesoxiglicose), uma substância radioativa que administrada em pessoas com câncer permite que as tomografias identifiquem os tumores com maior precisão e até agilizam o diagnóstico precoce da doença. O laboratório terá condições de produzir FDG para sete hospitais fluminenses e atender, pelo menos, 56 pacientes por dia. O ministro de Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, será responsável pela abertura do novo laboratório do IEN, localizado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na ilha do Fundão, na zona norte do Rio. Hoje, no Brasil, apenas uma instituição - o laboratório do Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen), em São Paulo - produz a FDG, mas com capacidade limitada. A inauguração do novo laboratório é considerada um passo adiante para o avanço da medicina nuclear no País. A substância - uma composição entre glicose e uma molécula radioativa chamada Flúor-18 - será usada inicialmente para ajudar no diagnóstico de vários tipos de tumores malignos, mas ela também poderá ser usada para outras doenças. Especialistas em doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson, e males cardíacos também poderão utilizar a técnica no tratamento de doentes. A FDG ajuda a identificar as doenças porque, uma vez injetada no paciente, a glicose é atraída pelas células cancerígenas ou com outras anomalias, como, por exemplo, as atrofias que ocorrem em neurônios atingidos por Alzheimer. O tomógrafo, então, consegue localizar o Flúor-18 por causa dos raios gama que emite. Para criar a fluordesoxiglicose, é necessário um laboratório moderno com acelerador de partículas e técnicos especializados. O Ministério de Ciência e Tecnologia investiu cerca de US$ 2 milhões nas instalações do novo laboratório. Em janeiro, os técnicos do IEN estimam que já estarão produzindo a FDG. "Acreditamos que nosso laboratório estará funcionando normalmente no meio de janeiro", afirma Julio Cezar Suita, chefe do Divisão de Radiofármacos. Mas o médico que quiser indicar a tomografia com FDG em janeiro só poderá optar por dois hospitais particulares do Rio, a Clínica de Medicina Nuclear Vilela Pedras e o Hospital Pró-Cardíaco. Eles são os únicos que hoje têm tomógrafos com capacidade de aplicar a substância radioativa. Suita afirma que alguns hospitais públicos devem conseguir comprar tomógrafos mais potentes em breve e ainda no ano que vem. Segundo ele, o Instituto Nacional do Câncer e o hospital da UFRJ deverão ser os primeiros a adquirir os novos equipamentos e disponibilizar o exame. "Uma vez que tivermos uma produção constante da FDG será mais fácil para os hospital forçarem o investimentos em tomógrafos mais modernos."

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