Lagosta sofre na panela quente? Estudo diz que não

Pesquisa afirma que lagostas e siris não sentem dor quando colocados na água fervente. Ativistas dizem que conclusão foi "encomendada"

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um estudo norueguês está suavizando o sentimento de culpa daqueles que atiram uma lagosta ou um siri, ainda com vida, dentro de uma panela de água fervente para cozinhar. Pesquisadores da Universidade de Oslo afirmam que estes invertebrados não sentem dor. Aquelas reações dramáticas que estes animais têm ao cair na água quente são simples mecanismos de escape, e não uma resposta consciente ou indicação de dor, garantem os autores do trabalho. "Lagostas e siris têm alguma capacidade de aprendizado, mas não se pode afirmar que sejam capazes de sentir dor", conclui o documento. Financiada pelo governo norueguês, a pesquisa não serve apenas para apaziguar a consciência de cozinheiros. O principal objetivo era determinar se os invertebrados devem ser incluídos na legislação de bem-estar dos animais. Mas o relatório já está sendo usado também para defender a indústria da pesca contra os ativistas que lutam pelos direitos dos animais. A ONG Tratamento Ético para Animais tem se mobilizado em favor das lagostas, com slogans como "Ser fervido dói, deixe as lagostas viverem". O Festival da Lagosta do Maine é palco destas manifestações. Para a ativista Karin Robertson, o estudo norueguês foi feito sob encomenda para proteger a indústria da pesca. "É exatamente como a indústria do cigarro faz, apregoando que fumar não dá câncer", disse ela. Segundo Karin, muitos cientistas afirmam que lagostas e siris sentem dor. Ela lembrou um documento de zoólogos que, em 1994, protestaram contra um chef que desmembrou e salgou uma lagosta viva durante um programa de TV. Especialistas em lagosta no Maine, ao contrário, sustentam há anos que o primitivo sistema nervoso destes animais e seu cérebro não desenvolvido são similares aos dos insetos. "Sem cérebro, sem dor", afirma Mike Loughlin, biólogo da Comissão Atlântica do Salmão, que estudou as lagostas quando estava na Universidade do Maine. O estudo da Universidade de Oslo admite que são necessárias mais pesquisas sobre o tema, lembrando que as conclusões sobre o "cozimento indolor" são preliminares.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.