Lattes marca virada na ciência brasileira

Na despedida ao físico, que morreu na terça-feira aos 80 anos, personalidades falam de sua contribuição ao avanço da ciência

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Por Agencia Estado
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O corpo do cientista César Lattes, foi enterrado às 17h30 desta quarta-feira em Campinas. Lattes morreu na terça, aos 80 anos, no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) após uma parada cardíaca. Cerca de 300 pessoas, entre amigos, parentes, políticos locais e comunidade acadêmica, passaram pelo Cemitério Jardim Flamboyant. O ministro Eduardo Campos da Ciência e Tecnologia representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O prefeito de Campinas, Helio de Oliveira Santos (PDT), decretou luto oficial por três dias. Para o ministro, nos últimos seis meses o Brasil perdeu duas grandes personalidades do cenário nacional. "Na área de humanas o economista Celso Furtado e na ciência e tecnologia, César Lattes." Campos disse que ambos marcaram seu tempo. "Há 50 anos imaginávamos um país diferente. Agora essas duas personalidades deixam um trabalho que vai além e chega as gerações futuras", disse. Citando o sociólogo Gilberto Freire "o Brasil precisa descobrir o Brasil" salientou que continua o "desafio do desenvolvimento nacional". O reitor da Unicamp, Carlos Henrique Brito Cruz, avalia que Lattes foi "uns dos maiores cientistas que o Brasil já teve e um modelo de carreira para a ciência mundial e brasileira". Já o físico emérito da Unicamp, Rogério Cezar Cerqueira Leite, lembrou como "a figura dele já é uma inspiração" no campo científico. "Ele deu um impulso muito grande e contribuiu para a auto-estima do brasileiro." A mesma opinião é compartilhada pelo amigo e "eterno aluno" o doutor em física Edison Hiroyuki Shibuya, do departamento de raios cósmicos e cromologia da Unicamp criado por Lattes. "A principal lição deixada por ele é a brasilidade, a sensação de ser brasileiro, caracterizada pela preservação da ciência e do desenvolvimento da pesquisa nacional." Lattes deixou quatro filhas. "Nenhuma seguiu a carreira científica, mas todas nós somos orgulhosas por um homem que precocemente, sem os avanços de hoje em dia, ter feito descobertas inovadoras", disse Maria Lucia Lattes Romeiro.

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