Livro conta vitórias na luta para salvar Rio Tietê

Mobilização iniciada em 91 criou o maior projeto de saneamento do mundo. Mas água na Grande SP tem estado crítico

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Por Agencia Estado
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Neste Dia Mundial das Águas, a Fundação SOS Mata Atlântica lança o livro Observando o Tietê, uma coletânea de textos de diversos autores com os resultados do programa de monitoramento do Projeto Tietê. "Quando for recuperado, o nosso rio não vai ficar como o Tâmisa. Vamos ter qualidade de vida e não paisagem, já que 70% das doenças que existem em São Paulo são de origem hídrica", disse Mário Mantovani, diretor de Relações Internacionais e do Núcleo União Pró-Tietê da SOS Mata Atlântica. Especialista em recursos hídricos, Mantovani fez um balanço da atuação da fundação desde a coleta de 1,2 milhão de assinaturas, que deflagrou a campanha pela despoluição do rio em 1991, em parceria com a Rádio Eldorado e o Jornal da Tarde. "Graças a esse primeiro passo, o Tietê tem o maior projeto de saneamento do mundo em execução, com financiamento de U$ 2,6 bilhões. E o único iniciado por causa de uma ação da sociedade civil." Governo desacreditado No ano seguinte, o governo brasileiro assinou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) o financiamento de R$ 1,1 bilhão para o Projeto Tietê. Foi a primeira etapa. Nessa época, houve problemas. O governo não abria as contas e o cronograma do projeto para as ONGs. "A SOS teve de ir ao BID, em Washington, para ter acesso às informações e denunciar falsas promessas de que em curto tempo se poderia beber água do rio", contou Maria Luisa Ribeiro, coordenadora do Núcleo Pró-Tietê. Segundo ela, isso provocou o maior estrago no projeto, que ficou desacreditado. "Foi preciso recomeçar, reconquistar a confiança da sociedade e renegociar com o banco para obter o financiamento da segunda etapa, de R$ 400 milhões, que foi iniciada em 2000 e vai até 2005." O projeto agora está na fase mais difícil: ligar o esgoto da casa das pessoas às redes coletoras para que cheguem às estações de tratamento. Grupos de monitoramento Ao longo da bacia do Tietê, há 300 grupos de monitoramento, um total de 7.500 pessoas que, a cada 15 dias fazem coleta e análise da qualidade da água. Segundo os resultados, a situação da Grande São Paulo é crítica. Têm qualidade ruim 47% das águas dos rios que formam a sub-bacia da região próxima à nascente. Na região da Billings, são 66%; na de Guarapiranga, 30%; na região do Pinheiros-Pirapora, a mais crítica, 77%; e 58% na Cantareira. Há indícios de qualidade péssima em 23% da região das cabeceiras, em 19% da Billings, em 19% da Guarapiranga, em 5% do Pinheiros-Pirapora e 6,4% da Cantareira. De todos os rios do Alto Tietê, só 5,6% têm qualidade de água ótima na região de Guarapiranga, 2,8% apresentam qualidade boa, na região da Cantareira, mais 2% ainda com qualidade boa na região da Billings, próximo a Ribeirão Pires. "Só resta água com qualidade boa em áreas de preservação", disse Maria Luisa.

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