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Lula critica "discurso de preservação" da Amazônia

Em Parintins, onde assiste à Festa do Boi, o presidente condenou a visão da Amazônia "como uma coisa de outro mundo, intocável"

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez hoje, em Parintins, um discurso que pode deixar os ambientalistas preocupados. Segundo ele, durante muitos anos a Amazônia deixou de receber investimentos por causa do movimento preservacionista. "Isso aqui (a Amazônia) não pode se tratado como uma coisa de outro mundo, intocável, onde as pessoas não têm direito aos benefícios. Em nome do discurso da preservação, se deixou de mandar para cá investimentos", disse Lula, durante discurso de inauguração de um grande portal em forma de cocar indígena, nas proximidades do aeroporto de Parintins. Lula foi à cidade participar da abertura da Festa do Boi, a maior manifestação folclórica da Amazônia, que os amazonenses afirmam ser a maior do Brasil. Ao prometer uma linha de transmissão de energia elétrica de Tucuruí (PA) para Parintins, Lula não resistiu à tentação de fazer uma nova brincadeira com temas sexuais. "Vocês vão poder namorar no claro, o que nem sempre é muito bom, mas é necessário", disse o presidente. Há cerca de duas semanas, durante a Festa do Doce, em Pelotas (RS), Lula disse que sua mulher Marisa havia engravidado na noite do casamento, porque "pernambucano não deixa por menos" (ele nasceu em Garanhuns, Pernambuco). Marisa estava presente em Pelotas, como estava também em Parintins. Estava de penteado novo. Segundo Lula, não viver no escuro é tão fundamental quanto fazer três refeições por dia, ter escola de qualidade e ter direito à saúde. "Chegou a hora de as pessoas tomarem, se quiserem, um banho quente, mesmo numa região quente como a Amazônia", disse ele. Verba do Ministério de Minas e Energia permitiu a compra de mais um gerador a diesel para Parintins, totalmente dependente deste tipo de energia. Sobre a festa de Parintins, Lula lembrou que o evento começou no anonimato, com a chegada dos migrantes. "Durante anos não foi levada em conta pela elite intelectual brasileira, porque muitas vezes as coisas só acontecem no Brasil depois que acontecem no The New York Times". Mas, segundo Lula, "a competência dos que conseguiram montar uma festa sem apoio financeiro, fez com que a festa virasse uma referência nacional e mundial". Muito brincalhão, Lula disse que não estava em Parintins para torcer para nenhum dos bois rivais - Caprichoso, azul, e Garantido, vermelho. "A única coisa que recebi foi uma orientação para não colocar nem camisa vermelha nem azul. Vim aqui, na verdade, para torcer para que Caprichoso e Garantido façam a melhor apresentação de suas vidas", disse ele, que foi muito aplaudido e em nenhum momento recebeu as vaias que o acompanham desde que mandou para o Congresso o projeto de reforma da Previdência. O governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), mandou espalhar outdoors pelas ruas de Parintins dizendo que o povo amazonense apóia as reformas.

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