Macho hominídeo tinha vida perigosa antes de formar harém

Fósseis indicam que o Paranthropus robustus masculino corria muitos riscos antes de poder atrair fêmeas

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Por Carlos Orsi e e agências internacionais
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Fósseis descritos na edição desta semana da revista Science indicam que os machos da espécie de um primo extinto da humanidade, o  Paranthropus robustus, dominavam sozinhos grupos de fêmeas ao atingir a idade adulta - mas penavam muito até chegar lá: parte da população masculina não vivia o suficiente para desfrutar do sucesso. Novos fósseis mudam a árvore da evolução humana Estudos feitos pelo pesquisador Charles Lockwood, do departamento de Antropologia do University College London (UCL), mostram que o macho do Paranthropus continuava a crescer mesmo depois de atingir a idade adulta, o que resultava numa diferença de tamanho pronunciada entre machos e fêmeas. Diferenças do tipo costumam ser interpretadas como sinal de poligamia e de disputa acirrada entre os machos pela posse das fêmeas - o que leva a evolução a favorecer os maiores e mais fortes. "Meninos amadurecem depois que as meninas", diz Lockwood, segundo nota divulgada pelo UCL, "mas entre seres humanos essa diferença é muito menos pronunciada que em alguns outros primatas". O cientista lembra que, entre os gorilas, os machos só atingem estágio dominante muitos anos depois de as fêmeas terem começado a dar à luz. "Acreditamos que, nesta espécie fóssil, um macho mais velho provavelmente dominava sobre uma tropa de fêmeas. A situação era perigosa para os machos, que tinham uma taxa de predação muito grande", diz. A vida do macho de Paranthropus era uma de "grandes riscos e grandes recompensas", diz o pesquisador, afirmando que o hominídeo de sexo masculino provavelmente deixava  a tropa onde havia nascido anos antes de ser capaz de chamar a atenção das fêmeas e formar um grupo próprio, tendo de se virar nesse meio tempo. "Alguns eram mortos antes de ter a oportunidade" de procriar. Gênero homo Estudo divulgado em agosto na revista Nature, sobre um ancestral direto da humanidade, o Homo erectus, sugeria a existência de diferenças notáveis de tamanho entre os sexos na espécie. O autor do estudo sobre o H. erectus, Fred Spoor, também do UCL, chegou a especular sobre a possibilidade de o homem primitivo ter vivido numa estrutura social com macho dominante. "As duas formas, com e sem macho dominante, existem entre várias espécies de macacos", disse Spoor na época, citando os gorilas, onde o grupo tem um macho dominante, e o bonobo, onde as relações entre os sexos são "mais igualitárias". "Um dia, fomos mais como os gorilas, hoje não somos mais", disse.

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