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Mais de 50% da produção mundial de soja é transgênica

Caso o Brasil decida entrar nesse mercado, isso não deve ser encarado como um caminho sem volta, afirma o engenheiro agrônomo Antonio Carlos Roessing, pesquisador da Embrapa Soja e especialista em economia rural

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de toda a polêmica e desconfiança, os alimentos geneticamente modificados continuam ganhando terreno no mundo todo. A área mundial plantada com transgênicos aumentou 12% nos últimos dois anos, de 52,6 milhões de hectares em 2001 para 58,7 milhões em 2002, segundo o último relatório do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agrobiotecnológicas (ISAAA, na sigla em inglês), organização favorável à tecnologia. Com isso, mais da metade da produção mundial de soja (51%) já é geneticamente modificada, seguida de algodão (20%), canola (12%) e milho (9%). Caso o Brasil decida entrar nesse mercado, isso não deve ser encarado como um caminho sem volta, afirma o engenheiro agrônomo Antonio Carlos Roessing, pesquisador da Embrapa Soja e especialista em economia rural. As sementes tradicionais continuarão disponíveis e o produtor poderá usar aquela que achar melhor. Tomadas as devidas precauções, não há nada que impeça um agricultor de plantar sementes transgênicas em um ano e não-transgênicas no outro. Ou mesmo de plantar metade do campo com uma variedade e metade, com outra. Especialmente no caso da soja, que se reproduz por autopolinização - não troca pólen com plantas vizinhas. As infestações por pragas em algumas regiões são tão severas, entretanto, que o agricultores serão "obrigados" a usar transgênicos para salvar sua produção, afirma Roessing. "Eles podem usar os transgênicos para ?limpar? o campo em três ou quatro anos e depois voltar a plantar sementes convencionais", afirma. Caso os transgênicos sejam autorizados no Brasil, Roessing acredita que a maior parte dos produtores testará as sementes primeiro em 30% da propriedade. A percepção de um nicho para produtos não transgênicos na Europa também não é totalmente verdadeira, afirma o especialista, "ou então a Argentina e os EUA teriam perdido mercado". Só a produção argentina de soja (quase toda transgênica) aumentou de 19 milhões para 32 milhões de toneladas em três anos. "Se não houvesse mercado isso não seria possível", afirma Roessing. Ele esclarece que a restrição européia aos OGMs vale apenas para consumo humano, não animal. "O carro-chefe da soja é a proteína para ração animal", diz. "Pouco mais de 1% de toda a soja no mundo é usada para consumo humano direto. É aí que está o nicho."

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