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Mais óleo vazado de petroleiro chega à costa espanhola

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais óleo vazado do Prestige chegou às costas da Galícia hoje, aprofundando o cenário de horror nessas praias procuradas por todos os europeus por sua beleza. Esse novo asfaltamento das praias aumentou a insegurança dos pescadores que, impedidos de exercer sua atividade, já não sabem até quando continuará vindo a próxima "onda negra". "Estamos temerosos de que a maré negra nos alcance aqui", diz Maria Busto, portuguesa de 47 anos, uma dos 600 pescadores trabalhando com água até os joelhos no estuário de Noia, abaixo do Cabo Finisterre, coletando mexilhões em cestos. A cota normal diária é de 25 quilos, vendida a US$12 por quilo. Mas, com a insegurança criada pelo vazamento, já que os frutos do mar não colhidos podem ficar simplesmente contaminados e impróprios para consumo, colhe-se tudo que puder. Ao fim do dia, depois de três horas sob chuva e com as ondas cada vez mais fortes, Maria tinha colhido 29 quilos. Mas as autoridades portuguesas já decretaram a suspensão da pesca e da extração de frutos do mar em toda região ao norte de Portugal. Os piores efeitos disso ainda estão por vir. Para ter uma idéia da importância da pesca, só na Galícia espanhola, em que a pesca está banida entre Ferrol e Ribeiro, numa extensão de 300 quilômetros, os peixes e frutos do mar trazem uma receita de US$330 milhões anuais. O turismo é outra fonte de ganhos, da mesma ordem de magnitude, mas deverá ser fortemente afetada no próximo verão europeu. "Não podemos dizer se estamos a salvo ou não da maré negra", diz Jose Ramon Lado, um criador de ostras ao longo dos 40 de seus 56 anos, enquanto olha os engradados cheios de ostras em crescimento, depositados em tanques cheios de água limpa do oceano, captada em Muros. O desânimo toma conta de todos. O prefeito Rafael Mouzo, da cidade de Corcubión, a 100 quilometros da cidade de La Coruña, desabafa "o governo nacional não está nos protegendo". Isso, no meio de um esforço da defesa civil para estender 1.800 metros de barreiras, para fechar a baia onde se criam ostras. As barreiras haviam sido pedidas com urgência há cinco dias. Chegaram hoje, horas depois do anúncio que uma língua negra de óleo se dirigia para a baía.

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