Maneira de reconhecer rosto reflete diferenças culturais

Segundo estudo publicado na PLoS, reconhecimento de etnias é considerado como um mecanismo universal

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Por Redação
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A maneira com que os humanos observam, reconhecem e classificam os rostos, reflete diferenças culturais, segundo um estudo publicado nesta terça-feira, 19, pela revista Public Library of Science (PLoS).   Os pesquisadores do Departamento de Psicologia de Glasgow, no Reino Unido e da Universidade de Montreal, no Canadá, se referem no artigo à "cultura" e "raça" como sinônimos.   Para seu trabalho, os pesquisadores recorreram a 14 pessoas descritas como "caucasianas ocidentais" e outras 14 descritas como "orientais do Leste da Ásia", sem mais detalhes.   "O reconhecimento dos rostos é obtido, sem esforço, por pessoas de todas as culturas diferentes e, por isso, era considerado como um mecanismo universal entre os humanos", explicou a publicação na internet.   "No entanto, o uso de uma nova tecnologia de imagem cerebral permitiu a descoberta de que as diferenças culturais fazem com que olhemos os rostos de forma distinta", acrescentou.   Os resultados do estudo "demonstram que o processamento de rostos não pode ser considerado como algo que surge de uma série universal de eventos perceptivos", segundo a equipe pesquisadora.   "A estratégia empregada para extrair informação visual dos rostos difere com as culturas", concluíram.   Roberto Caldara, da Universidade de Glasgow e um dos pesquisadores, explicou: "Em uma série de estudos do movimento dos olhos mostramos que a experiência social tem um impacto sobre a forma como as pessoas olham os rostos".   "Especificamente notamos uma grande diferença nos movimentos dos observadores ocidentais e do Leste da Ásia", disse.   "Descobrimos que os ocidentais tendem a olhar traços específicos no rosto de um indivíduo, tais como os olhos ou a boca, enquanto que os observadores do Leste da Ásia tendem a se focar no nariz ou no centro da face, o que dá uma visão mais geral de todos os traços", continuou Caldara.   Uma causa possível disto é que "o excessivo contato visual direto pode ser considerado rude nas culturas do leste asiático", afirmou.   O estudo "aponta novos elementos para entender por que a comunicação não verbal entre pessoas de culturas diferentes é, às vezes, problemática", segundo a PloS.   "As sociedades ocidentais são, em geral, mais individualistas, enquanto que as sociedades orientais são coletivistas; os ocidentais aparentemente pensam e percebem de maneira mais focalizada e os orientais globalmente", foi revelado à revista.   "Ao refutar a presunção tradicional de que o processamento de rostos é realizado de uma maneira universal, mostramos que o ambiente, e, inclusive, a sociedade na qual nos desenvolvemos, tem muita influência nos mecanismos humanos básicos", anunciou.

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