Medicamento reduz efeitos da falta de sono no cérebro

Testes com macacos mostraram que substância ativa áreas cerebrais que compensam o cansaço

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Por Agencia Estado
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Um medicamento pode reverter os efeitos no cérebro sofridos por quem fica muito tempo sem dormir, segundo testes com macacos realizados nos Estados Unidos. O medicamento usa uma classe de moléculas chamadas ampakinas. Elas melhoram a forma como alguns receptores químicos trabalham no cérebro. O estudo foi feito pela Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte e publicado na revista da organização científica Public Library of Science - Biology. Foi parcialmente financiada pela Agência de Projetos e Pesquisas Avançadas do Ministério da Defesa americano como parte de um projeto para reduzir os efeitos da falta de sono em soldados. Neurotransmissor O remédio, conhecido como CX717, age em um tipo de receptor químico que está envolvido na comunicação de célula a célula no cérebro. O neurotransmissor glutamato participa deste processo, e sua ação é prolongada pelo novo medicamento, permitindo uma comunicação mais eficaz entre as células cerebrais. Na pesquisa, macacos em estado de alerta receberam uma tarefa em que cada um olhava para uma figura colocada em uma posição distinta em uma tela. Depois de 30 segundos, os macacos teriam que escolher a figura mostrada antes em meio a outras novas figuras mostradas na tela. Se eles escolhessem corretamente, ganhavam suco como recompensa. Quando estes macacos recebiam doses variadas do medicamente e eram submetidos novamente aos testes, sua performance melhorava em cerca de 15%, chegando quase à perfeição em testes mais fáceis. 72 horas Os macacos então foram impedidos de dormir por um período entre 30 e 36 horas, que os pesquisadores afirmam ser o equivalente a 72 horas sem sono para os humanos. Os animais foram testados novamente, e os resultados pioraram. Mas, depois de receber uma dose do remédio, os resultados dos testes voltaram aos níveis normais. Os pesquisadores estudaram a atividade no cérebro dos macacos durante o estudo e observaram mudanças nos níveis de atividades em certas áreas, o que, segundo os cientistas, pode ser uma forma de compensar os efeitos da falta de sono. Depois de receber o medicamento, os níveis de atividades nas áreas observadas voltaram ao normal. "O medicamento aumentou a habilidade de certas áreas do cérebro de ficarem mais ativas, de uma forma normal, como se os animais não tivessem sido privados do sono", disse Samuel Deadwyler, que liderou a pesquisa na Faculdade de Medicina da Universidade de Wake Forest. "É possível que as moléculas da classe das ampakinas também possam ser usadas para melhorar outros problemas cognitivos, como os que ocorrem com pessoas que sofrem do mal de Alzheimer, depois de um derrame ou em outras formas de demência."

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