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Médicos franceses fazem transplante parcial de rosto

Por Agencia Estado
Atualização:

Médicos franceses anunciaram nesta quarta-feira terem feito o primeiro transplante parcial de rosto do mundo. A cirurgia teria sido feita no domingo, em um hospital de Amiens, para recuperar o rosto de uma mulher de 38 anos, que tinha perdido o nariz, os lábios e o queixo ao ser atacada por um cachorro. Na cirurgia, os médicos fizeram implante de pele, gordura e vasos sanguíneos, que foram removidos de um doador morto. Os médicos informaram que a mulher não vai ficar parecida com o doador e nem com o que ela era antes do ataque. Terá um rosto "híbrido". A técnica desse tipo de transplante já é conhecida em pesquisas feitas por cientistas dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França. A pele do rosto de outra pessoa é melhor para o transplante, porque é mais parecida do que a pele de outra parte do corpo do paciente, que pode ter textura e cor diferentes. Ética e impacto psicológico Mas os médicos vinham evitando levar a técnica adiante por causa da preocupação ética e do impacto psicológico da mudança de aparência para o paciente. Na Grã-Bretanha, o procedimento não é permitido por causa das preocupações relacionadas com a imunossupressão (a eventual rejeição do tecido que é usado), o impacto psicológico e as conseqüências de uma falha técnica. A paciente da França foi submetida a extenso aconselhamento psicológico antes da operação que durou pelo menos cinco horas. Como os pacientes de outros tipos de transplante, ela terá que tomar remédios imunossupressores para ajudar o corpo a aceitar o tecido doado. "Eu tive contato com a equipe de cirurgiões na França. Eles estavam cautelosos sobre o anúncio da operação, porque queriam ter certeza de que tudo está bem", disse o diretor da Unidade de Transplante do Hospital de Hammersmith, em Londres, e diretor do Colégio Internacional de Cirurgiões, Nadey Hakim. "É bom que tenha sido um transplante parcial. É uma maneira inteligente de começar, pois não será todo o rosto a ser afetado se o transplante se mostrar inviável." Risco de falha O cirurgião de face e presidente da Fundação de Pesquisa de Cirurgia Facial da Grã-Bretanha, Iain Hutchison, explicou que existem fases em que o transplante de rosto pode falhar. "No curto prazo, os vasos sangüíneos no tecido doado podem coagular", disse. "A longo prazo, os imunossupressores podem não dar resultado. Os remédios também aumentam os riscos de a pessoa ter câncer." Hutchison também disse que há questões morais e éticas em torno da doação de tecidos faciais. "O tecido a ser transplantado teria que sair de um doador que ainda tivesse o coração batendo. Então, vamos dizer que sua irmã está na UTI, você teria que concordar em permitir que a face dela fosse removida antes de a máquina de respiração ser desligada", exemplificou. "E existe a possibilidade de o doador continuar respirando depois disso." O presidente do comitê de ética da Sociedade Britânica de Transplante, Stephen Wigmore, disse que não se sabe a extensão da expressão facial de longo prazo depois do transplante. "A pele tende a ter uma rejeição muito forte e é provável que seja necessário ministrar altas doses de imunossupressores por longo período", disse Wigmore. "Não está claro se o indivíduo poderia ficar pior, caso o transplante de rosto falhar." include $DOCUMENT_ROOT."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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