Meio ambiente não é prioridade para o governo, dizem ambientalistas

Saída de Gabeira do PT é só um dos sinais da grave crise, que atinge a política ambiental brasileira.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Nestes primeiros 9 meses de governo Lula, o retrocesso foi a tônica de um conjunto de questões ambientais muito importantes, sinalizando, aos olhos das organizações não governamentais, que a crise da política ambiental é grave e a qualidade de vida da população não é uma prioridade para o centro de poder, em Brasília. Esta é a análise da coordenação da Rede de Ongs da Mata Atlântica (RMA), que representa 257 entidades ambientalistas de 17 estados, atualmente presidida por Miriam Prochnow, da Associação para a Preservação do Meio Ambiente do Vale do Itajaí (Apremavi). A MP dos transgênicos, a autorização de importação de pneus usados, a perspectiva de enriquecimento de urânio, a invasão do Parque Nacional do Iguaçu e mesmo a resposta a acidentes, como o vazamento de melaço no Rio Pardo (SP), concentram ?em pouquíssimo espaço de tempo, sinais de desconexão entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o chamado ?núcleo duro? do governo, ou seja, o presidente Lula, o Chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o ministro Palocci?, comenta Miriam. ?Parece que a questão ambiental virou um entrave ao desenvolvimento?. Para a coordenação da RMA, a decisão do deputado Fernando Gabeira, de deixar o Partido dos Trabalhadores (PT), é um dos sintomas da crise, evidenciada também pelo corte de recursos do MMA. ?Os cortes orçamentários sempre foram um problema, mas desta vez deixaram o ministério sem condições de operar e isso é muito sério, num país com todo este passivo ambiental, como o Brasil?, acentua a ambientalista. Ela aponta o exemplo do Programa de Proteção às Florestas Tropicais do Brasil, o PPG7, considerado um dos programas mais bem sucedidos da gestão passada, com recursos e repercussão internacionais. ?O PPG7 está completamente à deriva e a sociedade civil sem qualquer resposta quanto ao rumo do programa?, diz. Algumas ações, que dependem apenas da ministra Marina Silva, têm sido tomadas. Na avaliação dos ambientalistas, o MMA foi ágil na assinatura do acordo Brasil-Alemanha, que destinará 17 milhões de euros aos projetos demonstrativos da Mata Atlântica (no âmbito do PPG7) e também respondeu rapidamente à invasão do Parque Nacional do Iguaçu. ?Mas ainda não se sabe se os deputados e prefeitos do PT, que lideraram a invasão do parque, serão enquadrados por seus atos ilegais. A resposta do governo nos dará a medida da importância atribuída pelo PT ao meio ambiente. Acreditamos que a ministra está fazendo a parte dela. O presidente Lula é que não está fazendo a parte dele?, conclui Miriam Prochnow.

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