Metais pesados contaminam Lagoa Rodrigo de Freitas

Amostras de sedimento colhidas do fundo atestaram a presença de níquel, chumbo, zinco e cobre

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Por Agencia Estado
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Uma pesquisa revelou que o fundo da Lagoa Rodrigo de Freitas está contaminado com metais pesados e hidrocarbonetos aromáticos polinucleares, substâncias químicas derivadas de óleos lubrificantes e do petróleo e que podem ser cancerígenas. A suspeita é de que a poluição, que está acima dos níveis recomendados e pode chegar aos peixes, siris e caranguejos, esteja sendo provocada pelos postos de gasolina da região. Mas os veículos também podem ser vilões. As amostras de sedimento colhidas do fundo atestaram a presença de níquel, chumbo, zinco e cobre. A constatação foi feita depois da análise de sedimentos recolhidos em seis pontos da Lagoa no período de dois anos. A primeira pesquisa foi feita há dois anos pelo Departamento de Oceanografia e Hidrologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e constou de uma monografia. Complementando o estudo, especialistas da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), analisaram em março deste ano cinco dos seis pontos escolhidos pela UERJ e detectaram, em quatro locais, a existência dos hidrocarbonetos. Considerado o mais nocivo deles, o benzo-a-pireno, pode causar câncer, necrose de fígado e arritmias cardíacas. No ponto chamado T3 da lagoa (o mais poluído), na altura da Fonte da Saudade, uma amostra detectou 378 microgramas/kg da substância, quando o recomendado pelo ISQG (referência canadense para ambientes marinhos) é 88,8 microgramas/kg. Apesar da contaminação, o médico Luiz Roberto Tenório, professor da UERJ e subsecretário de Saúde de Niterói (Grande Rio), disse que não há motivo para pânico. ?Como essas substâncias estão no fundo, no momento, não há risco para a população. Mas, se nada for feito, o acúmulo dos metais pesados e dos hidrocarbonetos pode contaminar os peixes e afetar os pescadores e atletas que freqüentam a lagoa?, informou ele, que participou do estudo da Alerj. Para o professor Marcos Fernandez, do Departamento de Oceanografia e Hidrologia da UERJ, os veículos também podem contribuir para a poluição, principalmente os de motor a diesel. Ele explicou que partículas da fumaça preta liberada pelos veículos ficam na beira da lagoa e são arrastadas para a água quando chove.

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