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México propõe criação de fundo contra mudança climática

Fundo financiaria projetos para eficiência energética e serviria para lutar contra os efeitos das mudanças

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Por Redação
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O Governo do México defendeu neste sábado, 5, a necessidade urgente de se estabelecer um fundo multinacional que financie projetos que promovam a eficiência na produção energética e sirva para lutar contra os efeitos negativos da mudança climática.   O secretário de Meio Ambiente do México, Juan Rafael Elvira, afirmou que seu país propõe que dentro deste fundo internacional existam programas específicos regionais para integrar os planos de diferentes áreas geográficas.   Elvira afirmou que o México iniciou um plano para que estes projetos estejam integrados na região da América Central, do Caribe e em seu país para consolidar as medidas em um bloco.   O secretário mexicano defendeu esta proposta em um seminário sobre a mudança climática na 49ª Assembléia Anual de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que começou ontem em Miami e que terminará na próxima terça-feira, 8.   No início da reunião o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, fez um alerta sobre a vulnerabilidade enfrentada pela região em virtude dos efeitos negativos da mudança climática.   Moreno afirmou que os países latino-americanos e os do Caribe enfrentam um duplo dilema: aumentar seu consumo energético e seu desenvolvimento social e, ao mesmo tempo, controlar as reduções das emissões de gases à atmosfera.   O secretário de Meio Ambiente mexicano também destacou que o presidente de seu país, Felipe Calderón, estabeleceu que "a mudança climática é um assunto de segurança nacional."   "Isto significa que todas as ações do Governo mexicano, da Agricultura ao Meio Ambiente, têm que levar em conta os programas de proteção ambiental e de luta contra a mudança climática", disse Elvira.   O secretário afirmou que as reduções das emissões de gases não são suficientes, e que o fundo internacional que propõe seu país tem que ser enfocado como um projeto complementar ao Protocolo de Kioto.   Durante os debates deste sábado, 5, relacionados à mudança climática foi destacado que a América Latina é especialmente vulnerável ao aquecimento global e que as secas ameaçam o fornecimento de energia na região.   Kenrick Leslie, diretor-executivo da Comunidade do Caribe sobre Mudança Climática, fez um alerta sobre as graves implicações do aquecimento global na região e disse que a única opção é a Adaptação.   "É urgente iniciar programas que apóiem novos projetos de energias renováveis no Caribe e na América Central. A economia do Caribe é muito frágil, não somos responsáveis por ter provocado a mudança climática, mas herdamos suas conseqüências", afirmou Leslie.   Juan Pablo Bonilla, coordenador da Iniciativa de Energia Sustentável e Mudança Climática (SECCI, na sigla em inglês), um fundo do BID, declarou que é necessário iniciar projetos regionais de transformação energética.   Bonilla citou, concretamente, que na América Latina é necessário que o fundo de investimento, coordenado pelo BID e que contará com a participarão do Banco Mundial e de bancos regionais, se centre em potencializar a produção de energia hidráulica e os programas de desenvolvimento de combustíveis fósseis.   O presidente do BID afirmou, por sua parte, que a demanda de energia na região aumentará cerca de 75% até 2030, e se estima que serão necessários investimentos de US$ 1,6 trilhão para satisfazer esta necessidade.   Apenas no México a demanda energética aumentará cerca de 5,6% por ano e necessitará de investimentos anuais de US$ 5,5 bilhões na produção energética.   "Além do aumento dos custos da energia, o aumento do consumo enfrenta grandes riscos. Nossa região é altamente vulnerável aos efeitos negativos da mudança climática", declarou Moreno.   "Seu impacto potencial na infra-estrutura, na água, na saúde, na agricultura, no turismo e em outros setores serão particularmente grandes para os segmentos mais pobres da população", acrescentou.   Moreno ressaltou que, frente aos desafios provocados pela mudança climática, existem razões para o otimismo, pois também há muitas oportunidades - dada a amplitude dos recursos naturais.   "Existe a possibilidade de aumentar a eficiência energética e reduzir os danos da poluição sem comprometer o desenvolvimento econômico", afirmou.   O presidente do BID também disse que os países da América Central e do Caribe podem substituir de 10% a 50% de seu consumo de gasolina através da produção de etanol da cana de açúcar.   "Os novos avanços em tecnologia e os impactos econômicos resultantes dos altos preços do petróleo e da mudança climática estão apresentando um grande incentivo para o desenvolvimento de projetos de novas fontes de energia renováveis", declarou Moreno.

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