Milho foi domesticado em apenas uma década, 4 mil anos atrás

Nativos das Américas fizeram cruzamentos de espécies buscando obter espigas maiores e grãos mais macios

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Por Agencia Estado
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Das gramíneas do México pré-histórico à pipoca de microondas passaram-se 9 mil anos. A domesticação do milho, entretanto, ocorreu com uma rapidez espantosa, segundo um estudo publicado na revista Science. A partir do teosinto, uma plantinha aparentemente insignificante das terras altas mexicanas, o Homem desenvolveu um dos alimentos mais importantes da história da civilização. E a maior parte dessa transformação pode ter levado apenas dez anos. Cientistas da Alemanha e dos Estados Unidos compararam amostras do DNA de milho fossilizado com o DNA de variedades modernas de milho e teosinto. Descobriram que certos genes-chave da planta moderna já existiam em variedades primitivas há pelo menos 4.400 anos no México. Cruzamentos Apesar disso, os mesmos genes não são predominantes no teosinto moderno, o que indica que foram selecionados logo de início pelos primeiros agricultores. Rapidamente, portanto, o Homem selecionou e cruzou umas poucas variedades de teosinto mais favoráveis ? com espigas maiores e grãos mais macios, por exemplo ?, dando origem ao milho, que continua sendo melhorado até hoje. ?A civilização foi construída a partir de plantas geneticamente modificadas?, escreveu Nina Fedoroff, da Universidade do Estado da Pensilvânia, que comentou o artigo para a Science. E esse período de domesticação pode ter durado apenas dez gerações ? cerca de dez anos no caso do milho ?, a partir de uma população de 20 plantas. ?A partir daí, foi só retoque?, diz o especialista Fábio de Oliveira Freitas, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

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