Mineradora acusada de poluir floresta e rio no Pará

Uma subsidiária da Vale do Rio Doce está sendo acusada por moradores de Porto Trombetas, no oeste do Pará, de explorar bauxita em área onde centenas de famílias vivem da coleta da castanha-do-pará.

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Mineração Rio do Norte, subsidiária da Vale do Rio Doce, está sendo acusada por moradores da Floresta Nacional de Saracá-Taquera, em Porto Trombetas, no oeste do Pará, de explorar bauxita em área proibida e provocar danos ao meio ambiente. Na área, centenas de famílias vivem da exploração da castanha-do-pará. A extração de bauxita no vale do Rio Trombetas, em Oriximiná, provocou, nos anos 80, a contaminação do Lago do Batata, que serviu por muitos anos de depósito de rejeitos da lavagem do minério. Além da poluição, o lago ficou assoreado por vários anos. A mineradora foi obrigada a recuperar o lago O trabalho até hoje não foi concluído. A floresta nacional, com 429 mil hectares, foi criada há 13 anos pelo então presidente José Sarney. Mas o decreto 98.704/1989, que criou a reserva, permite em seus artigos 2º e 4º a lavra mineral dentro da área. A exploração de bauxita pela Mineração Rio do Norte ocorre dentro de uma área de 1.884 hectares da floresta, denominada Almeida. A empresa alega que a área foi registrada em seu nome e apresenta uma escritura pública de compra e venda, cessão de direitos hereditários e meação lavrada no Cartório do 24º Ofícios de Notas do Rio de Janeiro. Os moradores denunciam que a empresa já desmatou 300 hectares de floresta para extração da bauxita. O minério é encontrado a uma profundidade média de oito metros. Ele se concentra em camadas de até três metros de espessura, coberto por vegetação densa e uma camada estéril, composta de solo orgânico, argila e cascalho. Tratores derrubam a mata e preparam a área de lavra. Para encontrar uma solução que evite a repetição do que ocorreu no Lago do Batata, técnicos do Ibama, representantes das comunidades da região, políticos e ativistas de organizações não-governamentais participaram, hoje, de uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Oriximiná. As associações comunitárias deixaram claro que não irão permitir que a mineradora atrapalhe a coleta da castanha, uma atividade realizada durante três meses por ano e responsável pela sobrevivência das famílias que vivem às margens do lago Sapucuá. A Gerência de Planejamento, Qualidade e Meio Ambiente da Rio do Norte informou ter realizado um mapeamento completo das castanheiras existentes na área. No topo do platô Almeida, onde a bauxita está concentrada, a produção anual é de aproximadamente 150 hectolitros (375 caixas) de castanha. A produção anual total do castanhal, incluindo o topo do platô e as áreas de baixada, é de cerca de 800 hectolitros, ou duas mil caixas de castanha, ao custo total de R$ 25 mil.

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