Ministros defendem energia renovável

A principal proposta dos ministros do Meio Ambiente da América Latina e Caribe para a Rio+10 será um mínimo de 10% de energia de fontes renováveis

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A proposta brasileira para que todos os países se comprometam a ter um mínimo de 10% de energia de fontes renováveis é a principal meta prática que os países da América Latina e Caribe levarão para a Cúpula Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), em agosto, no África do Sul. A recomendação faz parte do documento preparado durante a reunião do Fórum de Ministros do Meio Ambiente, que terminou hoje, em São Paulo. Segundo o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, o documento traz ainda recomendações sobre o combate à pobreza, como condição para se atingir o desenvolvimento sustentável. ?Defendemos, para tanto, uma mudança na ordem econômica mundial e não simples filantropia?, disse. Para os ministros de Meio Ambiente presentes à reunião, o aumento nos subsídios agrícolas norte-americanos e europeus terão um impacto direto sobre a sustentabilidade do planeta. Para Carvalho, os países da latino-americanos e caribenhos esperam conseguir um impacto político em Johannesburgo, levando uma mensagem de unidade no continente, ?sobretudo em contraposição ao unilateralismo dos Estados Unidos?. ?Queremos criar uma grande articulação para fazer com que os compromissos assumidos no Rio, em 92, sejam cumpridos?. A iniciativa de ter pelo menos 10% da energia consumida no planeta de fontes renováveis está sendo apoiada até pela Venezuela, que é um país petroleiro. ?As energias renováveis são muito importantes para manter empregos, principalmente nas regiões do interior. Além disso, 60% da energia elétrica venezuelana vem de hidrelétricas?, disse Ana Elisa Osorio Granado, ministra do Meio Ambiente do país. Todos os países do Fórum defendem também a entrada em vigor, em Johannesburgo, do Protocolo de Kyoto. Segundo Rafael Moya Pons, ministro do Meio Ambiente da República Dominicana, seu país foi o primeiro a ratificar o tratado e mantém uma política de exortar todos os países a adotá-lo. Para os ministros, os Estados Unidos estão isolados na postura unilateral de não aderir a Kyoto. No entanto, o Protocolo precisa, para entrar em vigor, da adesão de 51 países, que correspondam a 55% das emissões globais de gases do efeito estufa. Segundo Fábio Feldmann, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, para que isso se cumpra, é preciso que Canadá, Japão e Austrália ratifiquem o tratado. ?Embora tenham se comprometido à ratificar, esses países estão hesitantes, por pressão norte-americana. No Canadá, está sendo feita uma consulta às províncias, e, no Japão, há pressão da opinião pública para adesão, inclusive por conta do Protocolo ter sido concebido em Kyoto?, disse. A indefinição sobre o Protocolo é um dos motivos que tem levado ambientalistas e também representantes de governos a temer pelos resultados da Rio+10. ?Corremos o risco de retroceder e termos, na verdade, uma Rio-20?, disse Marcelo Furtado, do Greenpeace. Para ele, porém, o documento dos ministros latino-americanos e caribenhos é um avanço, mesmo que tímido. ?A proposta inicial era para que entrassem vários indicadores de metas, mas no final apenas os 10% de energia renovável permaneceram. No entanto, a recomendação para que a proposta seja uma decisão de nível 1 é uma boa notícia, pois significa um compromisso dos países?, avalia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.