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Missão tripulada a Marte será próximo passo de programa espacial, diz Obama

Em artigo no site da CNN, o presidente americano reitera promessa de levar o homem ao planeta vermelho na década de 2030

Por Fabio de Castro
Atualização:
Exploração espacial muda sua lógica e passa a entrar cada vez mais no mercado das empresas Foto: NASA via AP

O próximo capítulo da história dos Estados Unidos na exploração espacial terá foco no envio de uma missão tripulada ao planeta Marte na década de 2030. Esse objetivo, estabelecido no início da gestão de Barack Obama, em 2010, foi reiterado em um artigo publicado nesta terça-feira, 11, pelo presidente americano no site da emissora CNN.

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"Estabelecemos um objetivo claro, vital para o próximo capítulo da história americana no espaço: enviar humanos a Marte na década de 2030 e trazê-los de volta à Terra com segurança, com o objetivo final de um dia lá permanecer por um tempo maior", escreveu Obama.

Segundo Obama, chegar a Marte exigirá cooperação contínua entre inovadores do governo e do setor privado. "Já estamos nesse caminho. Nos próximos dois anos, empresas privadas enviarão astronautas pela primeira vez à Estação Espacial Internacional", disse Obama.

No artigo, Obama lembrou que uma de suas primeiras ações como presidente consistiu em prometer que colocaria "a ciência de volta em seu lugar de direito" e, já nos primeiros meses de governo, sua gestão fez o maior investimento em pesquisa básica da história do país, para revigorar o programa espacial, a fim de "explorar mais o Sistema Solar e olhar o Universo mais profundamente que nunca."

"Nos últimos anos, nós revitalizamos a inovação tecnológica na Nasa, expandimos a ação na Estação Espacial Internacional e ajudamos empresas americanas a criar empregos no setor privado capitalizando o potencial inexplorado da indústria espacial", afirmou o presidente.

Ao destacar que o programa espacial está custando cada vez menos para os contribuintes americanos, graças a parcerias privadas, Obama enumerou diversas conquistas científicas realizadas no último ano - incluindo a descoberta de água corrente em Marte, gelo em uma lua de Júpiter, o mapeamento de Plutão, a descoberta de novos planetas semelhante à Terra.

"Há apenas cinco anos, as empresas americanas estavam desligadas do mercado mundial de lançamentos espaciais. Hoje, graças ao trabalho de homens e mulheres da Nasa, elas dominam mais de um terço desse mercado. Mais de mil empresas em quase todos os 50 Estados estão trabalhando em iniciativas espaciais privadas", declarou Obama.

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Em um pronunciamento publicado no site da Nasa, o administrador da agência espacial, Charles Bolden, comentou o artigo de Obama e anunciou duas novas iniciativas da Nasa ligadas à jornada ao planeta vermelho: o desenvolvimento de sistemas de habitação no espaço e a criação de um setor de desembarque privado na Estação Espacial Internacional (EEI), como primeiro passo para a futura construção de estações comerciais na órbita baixa da Terra.

Segundo Bolden, em abril de 2010 o presidente desafiou o país - e a própria Nasa - a enviar astronautas americanos a Marte na década de 2030. O objetivo foi reiterado pelo presidente em 2015, em pronunciamento à nação. 

"Estamos emocionados por anunciar duas novas iniciativas da Nasa que estão em consonância com a visão do presidente e utilizam parcerias público-privadas para permitir que humanos vivam e trabalhem no espaço de uma maneira sustentável", escreveu Bolden.

Bolden afirma que Obama instruiu a Nasa, nos últimos anos, para desenvolver tecnologias e espaçonaves para enviar astronautas ao espaço profundo, estabelecendo ao mesmo tempo parcerias com empresas americanas para construir uma forte economia espacial.

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"Seguindo a visão do presidente, a Nasa trabalhou nos últimos seis anos para ajudar a catalisar um vibrante novo setor da economia, ao permitir o transporte comercial de carga e, em breve, de tripulação do solo americano para a EEI", disse Bolden.

De acordo com Bolden, o trabalho na estação espacial "é o coração e a alma da primeira fase da Jornada a Marte da Nasa, um estágio que chamamos de 'Dependente da Terra'. Ele é focado no desenvolvimento de tecnologias e capacidades na órbita da Terra, onde é bem mais fácil manter humanos", escreveu.

Segundo ele, na próxima década, o programa entrará no estágio "Campo de Testes", na qual a Nasa demonstrará as tecnologias desenvolvidas no chamado "espaço cislunar", a esfera imaginária cujo equador correspondente à órbita da Lua.

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Um exemplo do estágio de Campo de Testes é a Missão de Redirecionamento de Asteroide, programada para a metade da década de 2020: uma nave robótica será enviada a um asteroide e trará um fragmento dele à órbita da Lua, para serem estudados por astronautas. A missão, segundo Bolden, testará importantes tecnologias de exploração, como a propulsão solar-elétrica, que serão fundamentais paramissão a Marte.

Segundo Bolden, no programa Parcerias para Próximas Tecnologias Espaciais de Exploração (NextSTEP, na sigla em inglês), seis empresas receberão fundos para desenvolver sistemas de habitação.  "A ideia desses módulos de habitação evoluirá para o desenvolvimento de uma espaçonave capaz de transportar e manter astronautas em missões de longa duração no espaço profundo, como a missão a Marte", disse Bolden.

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A outra iniciativa, segundo Bolden, tem foco em curto prazo: a Nasa perguntou recentemente a empresas privadas como elas utilizariam um acesso de desembarque privado na EEI. Um dos usos desse acesso seria a preparação para futuras estações comerciais.

"O setor privado respondeu com entusiasmo e essas respostas indicam um forte desejo das empresas americanas de acoplar um módulo à EEI que poderia atender às necessidades da Nasa e dos empreendedores", afirmou Bolden. "O NextSTEP e as iniciativas na EEI são excelentes exemplos de como os dois setores podem trabalhar juntos para ampliar o alcance da humanidade no espaço", disse.

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