PUBLICIDADE

Molécula artificial induz organismo a produzir anticorpos contra HIV

Pesquisadores estudaram desenvolvimento de defesas naturais contra vírus e, a partir daí, desenvolveram técnica que estimula reação do organismo

Por Fabio de Castro
Atualização:
Pesquisadores descreveram a trajetória de desenvolvimento de um anticorpo natural contra o HIV Foto: REUTERS/Athit Perawongmetha

Cientistas americanos deram mais um passo na direção de uma futura vacina contra o HIV. Em um novo estudo, os pesquisadores descreveram a trajetória de desenvolvimento de um anticorpo natural contra o HIV. Eles também apresentaram um técnica para fabricar uma versão artificial de trechos do envelope - a membrana que envolve o vírus -, que poderia ser utilizada em uma vacina para estimular a produção de anticorpos.

PUBLICIDADE

Os estudos, publicados nesta quarta-feira, 15, na revista científica Science Translational Medicine, foi liderado por pesquisadores do Instituto de Vacinação Humana da Universidade de Duke, nos Estados Unidos.

"Um dos objetivos de uma vacina contra o HIV é induzir à produção de anticorpos amplamente neutralizantes. Uma das estratégias para fazer isso é encontrar uma maneira de desenvolver artificialmente uma pequena porção da estrutura do envelope, para que os anticorpos passem a reconhecer o vírus verdadeiro - algo que agora mostramos ser possível", disse o coordenador da pesquisa, Barton Haynes.

A equipe liderada por Haynes conseguiu rastrear uma série de eventos que, no intervalo de cinco anos, levam ao desenvolvimento natural de anticorpos neutralizantes em uma pessoa infectada por HIV. 

Segundo os autores, a pesquisa mostrou que o sistema imunológico da pessoa infectada responde à presença do vírus com uma cooperação incomum entre diferentes linhagens de linfócitos-B - que são células envolvidas naturalmente com o sistema de defesa do organismo - para induzir à produção de anticorpos. O processo de desenvolvimento desses anticorpos, segundo eles, também envolve a aquisição de uma rara mudança genética que é fundamental para a atividade protetora do anticorpo.

Em um segundo artigo relacionado à mesma pesquisa, e publicado na mesma edição da Science Translational Medicine, os cientistas usaram as informações sobre o desenvolvimento dos anticorpos para construir uma molécula artificial capaz de imitar uma região específica do HIV. Em seguida, eles vacinaram macacos com a molécula, para descobrir se ela poderia induzir à produção desses anticorpos.

A molécula imita precisamente a região do vírus que é o alvo de alguns dos anticorpos neutralizantes, quando ocorre um ataque do sistema imunológico contra a infecção. Segundo os cientistas, ao serem vacinados com essa molécula, os macacos tiveram seu sistema imunológico ativado e os anticorpos passaram a reconhecer o vírus.

Publicidade

"Sabíamos que envelope do vírus tinha esse calcanhar de Aquiles, que poderíamos atingir com o tipo certo de anticorpos. Não há só um ponto fraco assim, mas vários. Uma vacina eficaz precisaria ser direcionada a mais de um deles, para garantir que o sistema imune esteja equipado com as armas que precisa para lutar contra o vírus enquanto ele sofre mutações", disse o cientista.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.