PUBLICIDADE

Molécula no útero pode ser causa de infertilidade

Sem o receptor LPA3, que prepara endométrio para receber embrião, fêmeas de camundongos tiveram dificuldade para engravidar

Por Agencia Estado
Atualização:

Pesquisadores americanos e japoneses identificaram uma molécula no útero de camundongos que pode ser a resposta para muitas mulheres que não conseguem engravidar, mesmo quando submetidas a procedimentos de reprodução assistida. A molécula está envolvida na preparação do endométrio - tecido que reveste o interior do útero - para fixação do embrião. A implantação embrionária no útero ainda é um processo muito pouco compreendido pelos cientistas - "o buraco negro da reprodução humana", segundo o especialista Agnaldo Cedenho, coordenador do Serviço de Reprodução Humana da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Temos domínio sobre quase todo o processo de fertilização in vitro, porque é um procedimento extra-corpóreo, controlado no laboratório", disse. "Quando o embrião passa para dentro da cavidade uterina, entretanto, ainda enfrentamos uma barreira muito grande: a implantação." Em muitos casos, mesmo quando os embriões se desenvolvem normalmente, a mulher não engravida. Os médicos não sabem dizer exatamente o porquê, mas alguma coisa parece dar errado na interação entre o embrião e o útero. Foi o que aconteceu com os camundongos usados na pesquisa. Eles foram geneticamente modificados para não produzir o receptor LPA3, uma molécula que prepara o endométrio para receber o embrião. Conseqüentemente, os animais tiveram muito mais dificuldade para engravidar, apesar de produzirem embriões sadios. Como as mesmas moléculas envolvidas no processo também ocorrem no organismo humano, os cientistas acreditam que a LPA3 possa, no futuro, servir como uma espécie de marcador para o diagnóstico e o tratamento da infertilidade feminina. "É um grande avanço para desvendar o mistério da implantação", disse o médico Arnaldo Cambiaghi, do Centro de Reprodução Humana do Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia. "Qualquer coisa que aumente as chances de uma gravidez é muito bem-vinda." A infertilidade atinge aproximadamente 15% dos casais, e em cerca de 10% dos casos não é possível diagnosticar uma causa. O estudo está publicado na revista científica Nature.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.